O livro ‘A Legião Negra – A luta dos afro-brasileiros na Revolução Constitucionalista de 1932‘, do jornalista Oswaldo Faustino, apresenta a brava atuação de uma legião formada, a princípio, por três batalhões voluntários compostos exclusivamente de afrodescendentes na Revolução Constitucionalista de 1932, que é lembrada no dia 9 de julho.
“Poucos brasileiros sabem que esses bravos batalhões existiram. Infelizmente, o protagonismo negro continua fora da história oficial”, afirma Faustino. A cada capítulo, ele recria os valores de uma época pautada pelo patriotismo, mas também por um intenso preconceito racial. Um dos méritos do livro é mostrar que, apesar de alijados de direitos e com chances mínimas de ascensão social, milhares de negros aderiram a uma causa estranha à sua realidade – causa que, embora justa, traria ínfimas mudanças à sua situação de excluídos.
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Faustino teve a ideia para o livro quando o ator Milton Gonçalves expressou o desejo de fazer um filme sobre a Legião Negra e solicitou ao colega jornalista que pesquisasse o assunto. Utilizando documentos históricos, publicações da época, obras acadêmicas e entrevistas com familiares dos combatentes, Faustino mergulhou na história de personagens reais que interagem com os personagens fictícios criados pelo autor no romance. Através dessa pesquisa, ele reconstruiu o contexto social, cultural e econômico da São Paulo dos anos 1930, onde paulistas de elite, negros, imigrantes europeus e migrantes vindos principalmente do Nordeste se relacionavam em situações de conflito ou aparente harmonia. Cada grupo possuía seus costumes e ocupava espaços específicos. Infelizmente, os negros e pardos eram frequentemente relegados aos cortiços, porões e subúrbios, engajando-se em atividades como rodas de tiririca, jogos ilegais e trabalhos ocasionais.