O jogador de futebol Guilherme Quintino, de 20 anos, relatou ter sido vítima de racismo em uma loja da Zara localizada no Barra Shopping, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O jovem, que atualmente joga no Volta Redonda, denunciou a abordagem discriminatória e o constrangimento vivenciados ao ser impedido de sair da loja por um segurança.
🚨BRASIL: Guilherme Quintino, jogador do Volta Redonda, acusa loja de shopping no RJ de racismo.
Ele estava com a namorada no local quando foi abordado por um segurança que pediu para ver sua sacola.
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— CHOQUEI (@choquei) June 23, 2023
Segundo informações compartilhadas pelo jornal O Globo, Guilherme contou que foi abordado pelo segurança da loja que o impediu de sair do local e o obrigou a mostrar onde estavam as peças que havia escolhido para compra. Acompanhado de sua namorada, Juliana Ferreira, o jogador experimentou algumas roupas e decidiu adquirir um casaco e uma calça de moletom, que ele colocou na sacola disponibilizada pela loja para clientes no período de compras. No entanto, com a possibilidade de promoções no dia seguinte, decidiram voltar para finalizar a compra depois.
Ao se dirigirem à saída da loja, foram abordados pelo segurança, que questionou Guilherme sobre uma sacola que ele teria em mãos. O jogador afirmou que deixou a sacola no setor masculino, mas o segurança exigiu que ele o levasse até o local onde a sacola estava. Guilherme ressaltou que sua namorada, uma mulher branca, não foi questionada em nenhum momento.
Guilherme descreveu a situação como constrangedora e afirmou que se sentiu acuado durante os cerca de 40 minutos em que foi abordado pelo funcionário da loja. Ele também mencionou a falta de explicação por parte dos funcionários durante toda a ocorrência. “Eu fui completamente constrangido, me senti acuado, saí de cabeça baixa. Minha namorada percebeu que eu estava abalado e falou que não era possível aquilo passar em branco. Eu estava sem condições de falar nada, então, ela tomou as rédeas da situação”, contou.
A namorada de Guilherme, Juliana, tomou a iniciativa de relatar o incidente à gerente da loja, porém, assim como os demais funcionários, ela não ofereceu qualquer explicação. A resposta recebida foi a sugestão de entrar em contato com o jurídico da Zara, que apenas se desculpou. Foi Juliana quem gravou o vídeo que está repercutindo nas redes sociais.
O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). A Zara informou que está investigando o ocorrido e ressaltou que a abordagem descrita não está de acordo com as práticas e valores da empresa. O Barra Shopping também se manifestou, lamentando o incidente e repudiando qualquer tipo de discriminação, colocando-se à disposição das autoridades para esclarecimentos.
Guilherme expressou sua indignação diante do ocorrido e ressaltou que ninguém merece passar por situações semelhantes, enfatizando a importância de lutar contra o racismo e garantir que outras pessoas não enfrentem essa realidade. “Por esses dias eu não quero sair de casa, quero ficar mais tranquilo, mas isso que aconteceu não deve ser um empecilho para mim e nem para nenhum negro frequentar a loja que deseja. Somos pessoas trabalhadoras e honestas, acusadas cotidianamente de forma errada. Ninguém merece passar por isso, eu sei que qual é a dor e estou lutando para que não aconteça com outra pessoa”,, disse ele.
A denúncia de Guilherme destaca a necessidade contínua de combate ao racismo e reforça a importância de espaços inclusivos e igualitários em todas as áreas da sociedade.