Tomou posse em cerimônia solene, realizada em Brasília, no início da tarde desta quinta-feira (27), o novo presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues. A solenidade contou com a presença da Ministra da Cultura, Margareth Menezes e marca a retomada da valorização da instituição e o compromisso do Governo Federal com a proteção e a promoção da cultura afro-brasileira após anos de desmonte.
Durante seu discurso, João Jorge lembrou a participação do movimento negro na criação da Fundação Palmares, em 1988. O fundador do Olodum reforçou que a Palmares é do povo brasileiro ao dizer que “A Palmares não é minha, não é nossa, é do povo brasileiro, é da sociedade brasileira”.
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O presidente denunciou a perseguição que a instituição sofreu nos últimos anos, criticando a “Essa instituição republicana, federativa, tem sido tão perseguida, tão caçada, no governo Collor, nos seis últimos anos, a ponto de se pensar em trocar o nome da fundação. Por que Zumbi não representa a fundação? Por que os Quilombos dos Palmares não representa a fundação? Por que a negritude não representa a fundação? Sim, porque se pensa que para a população negra avançar precisa de uma libertadora ou de um libertador. Então se atreveu a dizer que seria a Fundação Princesa tal”, disse ele.
“O símbolo dessa fundação é o símbolo da justiça”, continuou ele ao lembrar, emocionado, que o símbolo com o machado de Xangô voltou a estampar a fundação. “Mais do que isso, agora, o governo Lula, o ministério da cultura de Margareth Menezes, tem um símbolo poderoso da nossa gente, para lutar por justiça, por igualdade, assim como nos países africanos”, destacou Rodrigues enquanto era aplaudido pelos presentes.
“Eu estou falando emocionado porque estive com os presidentes da Palmares e depois cheguei em Brasília e encontrei as fotos deles jogadas em um depósito. Um funcionário me entregou os tapetes com a marca de Xangô e disse que escondeu para não jogarem fora”, contou.
Margareth Menezes, ministra da cultura, destacou a trajetória de João Jorge Rodrigues em seu discurso, destacando a luta do novo presidente da Palmares contra o racismo. Margareth disse que “empossar João Jorge é uma resposta ao que aconteceu na gestão anterior. Ao desrespeito ao legado do provo brasileiro, à falta de consciência pelo que passaram nossos antepassados”, disse.
A nomeação de João Jorge Rodrigues como presidente da Fundação Palmares foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 21 de março.
Desde então, Rodrigues já havia começado a trabalhar na instituição. No início de abril, ele revogou a portaria 189, que proibia homenagens a personalidades negras vivas criada em 2020 durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Outro ato do presidente da Fundação foi a revogação da portaria nº 57 de 2022 que devolveu efeito, com a publicação de uma nova portaria que facilita o processo de reconhecimento dos quilombos.