Um incêndio de grandes proporções destruiu na manhã da última quarta-feira (12) a Maximus Confecções, fábrica de fantasias localizada em Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O fogo, que começou por volta das 7h30, deixou ao menos 21 feridos, sendo 10 em estado grave, e expôs as condições precárias de trabalho no local, que funcionava 24 horas por dia para atender à demanda do Carnaval.
A fábrica, uma das principais fornecedoras de fantasias para escolas de samba das divisões de acesso, como a Série Ouro e a Intendente Magalhães, estava com documentação irregular, segundo o Corpo de Bombeiros. O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) anunciou que vai apurar as condições de trabalho no local, que, de acordo com uma perícia preliminar, apontou que o local tinha ligações clandestinas de energia. Técnicos da Defesa Civil Municipal constataram danos na estrutura do prédio anexo, apontando o risco para desabamento e a fábrica foi interditada.
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Durante o programa jornalístico Globonews em Ponto, a jornalista Flávia Oliveira destacou em seu comentário a necessidade de oferecer melhores condições de trabalho para pessoas que atuam na cadeia produtiva do Carnaval: “A gente precisa refletir sobre condições de trabalho, condições de saúde e segurança no trabalho dos profissionais, dos trabalhadores que integram essa cadeia produtiva. É uma festa linda, gigantesca e muito rica, sobretudo no grupo especial”.
Entre as escolas de samba mais afetadas estão o Império Serrano, a Unidos de Bangu e a Unidos da Ponte, que confirmaram ter toda a sua produção de fantasias no galpão. A Liga RJ, responsável pelos desfiles da Série Ouro, informou que realizará uma plenária para discutir os impactos da tragédia. A divisão decidiu que as escolas prejudicadas não poderão ser rebaixadas este ano.
Condições precárias e investigações
As chamas se alastraram rapidamente, atingindo também prédios residenciais vizinhos. Bombeiros relataram dificuldades para acessar o local devido às passagens estreitas, o que atrasou o resgate de trabalhadores que ficaram encurralados. Quatro pessoas foram salvas após se refugiarem na parte externa de uma janela. “Foi muito rápido, lambeu tudo!”, disse um dos sobreviventes.
Funcionários relataram que a confecção operava em turnos ininterruptos, com aderecistas dormindo nos ateliês para cumprir prazos apertados. O local não possuía alvará de funcionamento do Corpo de Bombeiros, e a Defesa Civil alertou para o risco de desabamento do galpão.
A Polícia Civil vai chamar para depor os dois proprietários das empresas registradas no local: Milton Gonzalez, 77, e Helio Araújo de Oliveira, 41. Gonzalez, conhecido por administrar a Barraca do Uruguay em Ipanema, negou qualquer envolvimento com a fábrica, alegando que seus documentos foram roubados. Já Araújo, que inicialmente negou ser dono do local, é diretor da Liga da Série Ouro e tem histórico de envolvimento com outras confecções.
Desdobramentos
Além das investigações sobre as causas do incêndio, as autoridades vão apurar se as duas empresas registradas no local — Maximus Ramo Confecções de Vestuário e Bravo Zulu Confecções e Representações Ltda. — compartilhavam funcionários e estrutura. Enquanto isso, as escolas de samba afetadas correm contra o tempo para refazer suas fantasias a poucos dias dos desfiles.