Estudantes e professores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) da disciplina “Tópicos Especiais em Antropologia IV: Racionais MC’s no Pensamento Social Brasileiro“, escreveram a “Carta de Agenda Antirracista” reivindicando a concessão de título “doutor honoris causa” ao grupo Racionais MC’s.
De acordo com o G1 Campinas, os documentos que foram elaborados entre agosto e setembro, fazem parte de uma série de pedidos que foram feitos após ofensa racial de um professor da Faculdade de Engenharia Mecânica durante a aula. Em 31 de agosto, este professor entrou na sala de aula às 18h50 para dizer que “não é horário para ouvir músicas”, desrespeitando a professora na frente dos alunos.
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“A justificativa do professor é que a música estava atrapalhando sua aula. É importante destacar que os alunos que estavam do lado de fora informaram que o som não estava chegando no corredor, que a sala do referido professor tinha apenas dois alunos e que sua aula não tinha começado – o horário de início é 19h. Consideramos a postura desrespeitosa, racista e misógina, porque além de gritar com a professora, ignorou o que a mesma tinha para falar e, mesmo diante de pedidos para que fosse ouvida, ele continuou exaltado. O professor demonstrou dificuldade de reconhecê-la como uma colega de trabalho”, diz trecho do texto.
A proposta elaborada em 15 de setembro obteve 50 assinaturas e agora depende da aprovação do Conselho Universitário. “Vem contribuindo há mais de três décadas para o desenvolvimento do pensamento crítico e registro das contradições e problemáticas da sociedade brasileira”, diz outro trecho da carta, se referindo a todos os membros dos Racionais MC’s.
“Sobrevivendo no inferno“, um dos álbuns mais aclamados do grupo de rap, publicada também em livro, está na lista de leituras obrigatórias do vestibular da Unicamp desde 2020.
Na noite desta quarta-feira (30), o grupo Racionais MC’s realizou uma aula aberta e gratuita na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Aclamados pela plateia, Mano Brown, Ice Blue e KL Jay conversaram durante três horas no Centro de Convenções lotado. Edi Rock não compareceu.
Mano Brown falou sobre a evolução do movimento negro: “Não podemos dizer o jogo tá ganho, a favela venceu. Estamos em trâmite, mas estou muito contente com o que tenho visto”, afirmou.