Mundo Negro

Grávida de gêmeos, Mariana Nunes fala sobre maternidade solo após diagnóstico de perimenopausa: “ela me escolheu”

Foto: Isadora Relvas

Aos 44 anos, a atriz Mariana Nunes vive um momento de realização pessoal: a gravidez de gêmeos. Em entrevista para o Mundo Negro, ela compartilhou sua trajetória rumo à maternidade solo, um caminho que incluiu diagnósticos equivocados, a descoberta da menopausa precoce e a superação através da reprodução assistida: “Eu não escolhi a maternidade independente, foi ela quem me escolheu.
As coisas foram acontecendo e minha história foi se dando do jeitinho que tinha que ser”, destacou.

A atriz revela que sempre sonhou em ser mãe, mas imaginava uma família tradicional. Esse planejamento foi revisto quando, aos 42 anos, entrou na perimenopausa sem sequer perceber. “Foi muito triste me reconhecer e ter que aceitar já estar nessa fase da vida ainda nessa idade. Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo comigo e os profissionais que encontrei foram muito limitados. Eles não associavam meus sintomas a uma possível perimenopausa, acredito que, principalmente, por conta da minha idade”, lembrou. Mariana conta que só depois de um ano uma endocrinologista a diagnosticou corretamente.

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“Uma vez sabendo já estar na menopausa só me restava aceitar que, se eu realmente quisesse engravidar, teria que ser através da ovodoação [doação de óvulos] e como nesse momento eu não estava dividindo esse planejamento com ninguém, parti para essa jornada por minha própria conta”, lembra a artista, que conta também ter encontrado apoio espiritual para viver essa jornada.

Mariana buscou na rede privada profissionais e clínicas para ter acesso ao tratamento para engravidar, mas ela alerta que os custos dos procedimentos são bem altos. Para mulheres em situação semelhante que não podem arcar com esses custos, existe a opção pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2012, uma portaria do Ministério da Saúde garante acesso a procedimentos como fertilização in vitro em centros credenciados. O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para avaliação e encaminhamento.

Desafios e preconceitos de profissionais

Nunes não esconde as dificuldades enfrentadas: “São raros os olhares mais atentos para a mulher ou para o corpo de uma mulher que está em busca de garantir sua maternidade, independente da configuração em que isso venha a acontecer. É muito diferente a recepção que você recebe quando chega a um consultório acompanhada de um parceiro ou parceira de quando você chega sozinha. A impressão que tenho é que eles custam a entender a maternidade solo como uma possibilidade normal. Talvez por lidarem pouco com essa realidade?”, questiona. Ela destaca, porém, o apoio fundamental que recebeu de médicos como a Dra. Camila Ramos, que a encorajou.

Diante do comportamento desses profissionais, a atriz aconselha: “Para as mulheres que tem o desejo de se tornarem mães mesmo depois dos 40 ou até mesmo depois da menopausa, eu diria que, com paciência e disposição, procurem especialistas no assunto. Hoje em dia a oferta de clínicas que trabalham com reprodução assistida é enorme, mas nem todos vão lidar com você com paciência e afeto. A busca é árdua e pode ser muito demorada, mas há de haver uma clínica com profissionais que melhor se encaixem no seu perfil”, diz.

“Desde já me sinto grata e feliz”

Vivendo o segundo trimestre de gestação, Mariana Nunes fala sobre a mistura de sentimentos que enfrentou no início. “Eu não tinha noção que o primeiro trimestre poderia ser tão sofrido. Já tinha ouvido falar dos enjoos e do sono, mas não sabia que podia ser tão desafiador na parte emocional. Para além de dores de cabeça fortes e constantes, tive rinite gestacional (nem sabia que isso existia) e uma tristeza tão profunda, que precisei de ajuda profissional. Uma irritabilidade muito aflorada, uma intolerância social bem maior que a que já enfrento normalmente”. De alguma forma, seu corpo entende que está se transformando e que você já não será mais a mesma pessoa e essa transformação acontece em diferentes camadas do seu ser”, revela.

Após os desafios do primeiro trimestre, a atriz celebra o momento de “lua de mel” da gravidez. “Estou no momento que chamam de lua de mel da gravidez. Me sinto bonita, as pessoas na rua me veem grávida e sorriem. O peso da barriga tá aumentando e me sinto bem cansada, mas já é bem mais concreto! Vejo meus bebês nas ultras e bate uma alegria!”, comemora.

Solidão e exemplo para outras mulheres

A artista conta que mesmo vivendo esse momento feliz na gestação, “as emoções coexistem”. “Ainda me sinto muito sozinha e acho importante falar disso. Sozinha não porque sou uma mãe solo, mas porque o processo da gravidez é bem sozinho mesmo. São sensações únicas que só o seu corpo está vivendo e como nenhuma gravidez é igual a outra, se torna uma experiência individual. Tem toda a beleza e tem os desconfortos também. Não é sempre que você conta com a gentileza e delicadeza das pessoas. Muitas perguntas indiscretas, até mesmo dentro da própria família, sobre o seu peso, opiniões sobre o tamanho da sua barriga, se tá grande, se tá pequena… muitas mãos indesejadas te tocando. São muitas as sensações. Uma experiência muito única e difícil de explicar. Algo impossível de definir”, relata.

Ela acredita que sua história pode ser exemplo para outras mulheres que têm o desejo de se tornar mães. “Meu desejo é de que a minha experiência possa ajudar a normalizar todo e qualquer tipo de maternidade e formato de família. Acho que a sociedade não está acostumada a ver pessoas falando sobre esse tema de forma naturalizada”, destaca. “Quando iniciei minhas pesquisas, todo e qualquer relato de maternidade a partir da ovodoação renovava meu propósito e me enchia de coragem, me mostrando que não estava sozinha. Quando vejo os exemplos de maternidade solo, então, é como se renovasse toda a minha coragem e disposição. Nunca ninguém me disse que seria fácil. Mas desde já me sinto grata e feliz”, finaliza.

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