Mundo Negro

Fotógrafa pernambucana vence prêmio nacional com série sobre tradição afro-brasileira

Foto: Ernesto de Carvalho

A fotógrafa Wenny Mirielle Batista Misael, conhecida como Uenni, tornou-se a primeira mulher negra a conquistar o primeiro lugar na categoria Série Fotográfica do Prêmio Mário de Andrade de Fotografias Etnográficas. O concurso, organizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), busca valorizar as culturas populares do Brasil e premiou o trabalho de Uenni, intitulado “Canjerê dos Pretos Velhos na Jurema Sagrada de Pernambuco”.

Nascida e criada no bairro de Santo Amaro, em Recife, a fotógrafa de 26 anos retratou, com sensibilidade e autenticidade, o ritual do Canjerê de Pretos Velhos no Terreiro Axé Talabi, localizado em Paulista, na Região Metropolitana. As imagens capturam momentos simbólicos, como pés descalços sobre o chão de barro e cânticos conduzidos pela ialorixá Mãe Lú, que lidera o terreiro reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2023.

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A série premiada foi produzida ao longo de dois anos e reflete a conexão de Uenni com a tradição retratada. Parte da comunidade do Terreiro Axé Talabi, ela descreve o Canjerê como “um rito de profunda ancestralidade, que celebra a sabedoria e a resistência do povo preto”. Para a fotógrafa, a conquista é também um marco pessoal. “Nunca imaginei receber este reconhecimento. Minha fotografia vem da fé e do desejo de contar histórias reais, mesmo sem os melhores equipamentos ou formações acadêmicas na área”, afirmou.

O Prêmio Mário de Andrade, que está em sua segunda edição, recebeu mais de 400 inscrições apenas na categoria em que Uenni participou. A premiação reconhece três trabalhos em cada modalidade, com valores de até R$ 15 mil, além de menções honrosas. A vitória da jovem fotógrafa ressalta a importância da valorização das narrativas negras no cenário cultural brasileiro.

Além do reconhecimento individual, o trabalho de Uenni traz visibilidade às tradições da Jurema Sagrada e reforça o papel das mulheres negras como protagonistas na preservação de memórias culturais e espirituais. “Este prêmio é mais do que uma conquista pessoal, é uma celebração das nossas raízes e da força do nosso povo”, concluiu a fotógrafa.

Confira as fotos que levaram Uenni a conquistar o prêmio:

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