Mundo Negro

Festa literária idealizada por Elisa Lucinda homenageia Nêgo Bispo e recebe grandes nomes da literatura

Fotos: Vitor Nogueira e Guilherme Fagundes

Com idealização e direção artística da escritora e atriz capixaba Elisa Lucinda, a Festa Internacional da Palavra reúne grandes nomes da literatura nacional, aliando arte, oralidade e resistência cultural em um evento que atravessa gêneros, gerações e território. Com programação gratuita, a segunda edição promete transformar Itaúnas, no Espírito Santo, em um polo de literatura entre os dias 21 e 24 de maio.

Este ano, a Festa homenageia dois grandes nomes da literatura e da luta pelos direitos culturais no Brasil: Nêgo Bispo e Bernadette Lyra. Antonio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, foi filósofo, poeta, escritor, professor e líder quilombola, deixando um legado de resistência e pensamento crítico sobre identidade, terra e ancestralidade. Já Bernadette Lyra, uma das escritoras mais importantes do Espírito Santo, é reconhecida por sua vasta contribuição à literatura brasileira, explorando os gêneros de ficção e narrativa histórica.

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Ao longo de quatro dias, escritores, poetas, artistas, educadores e leitores se reúnem para debates, oficinas criativas, lançamentos de livros e apresentações musicais. “Ler amplia nossos recursos para interpretar melhor a vida. Nos dá repertório. Nosso lema deste ano é: Ler a vida! A Festa da Palavra leva esse nome porque ali ela é a protagonista. Tão sutil, tão intensa, tão banal, tão discreta, tão densa… a palavra nos une e tem um grande potencial antibélico”, diz Elisa Lucinda.

A Festa Internacional da Palavra visa explorar a pluralidade de vozes e a inclusão cultural, dando protagonismo às narrativas decoloniais, indígenas, afro-brasileiras e quilombolas, trazendo autores que ressignificam a literatura e reafirmam a força da oralidade como um dos pilares da identidade nacional.  

Com curadoria da escritora e dramaturga Guiomar de Grammont e Lívia Corbellari, o evento conta com participações de destaque, começando pela escritora, roteirista e ativista social cubana Teresa Cárdenas. Entre os escritores e poetas nacionais, estão nomes como a pedagoga Kiusam de Oliveira, o quadrinista Estevão Ribeiro, a escritora Marília Cafe, o jornalista e ex-deputado federal Jean Wyllys, a poeta e cronista Ediphôn Souza, a jornalista Livia Corbellari, o curador Saulo Ribeiro, a articuladora política Selma Dealdina Mbaye, a atriz e poeta Elisa Lucinda, o ganhador de dois prêmios Jabuti Itamar Vieira Junior, o poeta popular Arquimino dos Santos, a atriz Ingrid Carrafa, a roteirista e jornalista Eliana Alves Cruz, a homenageada da edição Bernadette Lyra, a atriz e poeta Suely Bispo, a autora Guiomar de Grammont, a escritora de literatura de cordel capixaba Katia Bobbio.

Também marcam presença o secretário de formação cultural, livro e leitura do MinC Fabiano Piúba, a deputada estadual do ES Camila Valadão, e o professor e slammer João Martins, além do dançarino e poeta Marceu Rosário, a escritora e jornalista Aline Dias, o professor e pesquisador Jeferson Gonçalves, a escritora e contadora de histórias Lilian MenenguciNando RodriguesJuane VaillantGeovana Pires e muitos outros artistas locais.

No campo do pensamento e ativismo, destacam-se e o escritor, pensador e ativista indígena Ailton Krenak, a pensadora e ativista indígena Yakui Tupinambá, o filósofo Renato Nogueira, a pesquisadora e filha do Nêgo Bispo Joana Maria, e a pesquisadora ambiental Marta Tristão. Já na música, o evento recebe a cantora e compositora Sandra Sá, a cantora Bia Ferreira, e o cantor Chico César.

A Festa também dialoga diretamente com a juventude e a educação, incentivando a formação de leitores críticos e conscientes. “Precisamos que nossas crianças e jovens tenham acesso às obras que reflitam suas realidades e heranças culturais. Quando um jovem negro, indígena ou quilombola se vê na literatura, ele entende que seu lugar no mundo também pode ser escrito, contado e celebrado”, completa Lucinda.

O evento é um ponto de encontro entre passado e futuro, ancestralidade e contemporaneidade, ampliando o alcance da literatura e seu papel como força transformadora. “Estou feliz por fazer, na vila de Itaúnas, esse movimento de literatura viva e, com isso, levar várias pessoas para tamanha beleza natural — uma vez que a vila é um parque ecológico. Será uma festa que encantará muitos através da literatura oral. Uma festa formadora de leitores, para melhor lermos a vida”, defende Lucinda.

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