Mundo Negro

Exposição no IMS Poços de Caldas celebra vida e luta de Laudelina de Campos Mello, pioneira na defesa das trabalhadoras domésticas

Acervo Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas.

No próximo sábado, 22 de março, a exposição Dignidade e Luta: Laudelina de Campos Mello, dedicada à trajetória de uma das mais importantes militantes pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil será inaugurada no Instituto Moreira Salles (IMS) de Poços de Caldas, Minas Gerais, terra natal de Laudelina. Ela foi pioneira na organização de sindicatos para a categoria e na luta contra a exploração do trabalho doméstico, que ainda carrega resquícios do sistema escravocrata brasileiro.

A mostra reúne fotografias, matérias de imprensa, documentos e objetos pessoais de Laudelina, além de obras de 41 artistas de diferentes gerações e regiões do país, como Rosana Paulino, Bispo do Rosário, Heitor dos Prazeres, Emicida, Arjan Martins, Madalena Santos Reinbolt, Maria Auxiliadora e Dayane Tropicaos. As obras dialogam com o tema do trabalho doméstico, conectando o legado de Laudelina às lutas contemporâneas. A curadoria é de Raquel Barreto e Renata Sampaio, com assistência de Phelipe Rezende.

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Laudelina iniciou sua militância aos 16 anos, em uma Poços de Caldas segregada, onde a comunidade negra enfrentava barreiras para acessar espaços públicos e culturais. Ao longo de sua vida, fundou duas associações de trabalhadoras domésticas, em Santos (1936) e Campinas (1961), que posteriormente se tornaram sindicatos. Integrante da Frente Negra Brasileira, maior organização negra do século XX, ela foi uma das responsáveis pela criação do departamento doméstico da instituição. Também participou da Organização Feminina Auxiliar de Guerra durante a Segunda Guerra Mundial e foi filiada ao Partido Comunista e ao Partido dos Trabalhadores.

A exposição destaca o papel de Laudelina como líder cultural e política. Ela organizava bailes, picnics e eventos culturais para a população negra e, em especial, para as trabalhadoras domésticas, criando espaços de resistência e fortalecimento comunitário em uma época marcada por profundas desigualdades sociais e raciais. Laudelina entendia o trabalho doméstico como uma extensão da escravidão, um sistema que continuava a marginalizar e explorar mulheres negras, e defendia a importância da organização coletiva para a conquista de direitos.

A mostra também aborda como o trabalho doméstico, apesar de ter sido reconhecido formalmente com a PEC das Domésticas em 2013, ainda é uma área de grande vulnerabilidade, evidenciando o legado de discriminação e desigualdade que Laudelina enfrentou e ajudou a transformar. Em depoimento à pesquisadora Elisabete Pinto, cuja dissertação de mestrado foi referência para a exposição, Laudelina rebateu a ideia de que as trabalhadoras domésticas “não traziam economia para o país”: “Nós trazemos a economia. Eles saem para trabalhar, principalmente a classe média, e então passam a escravizar a empregada doméstica”.

Serviço
Exposição: Dignidade e Luta: Laudelina de Campos Mello
Abertura: 22 de março (sábado)
Local: IMS Poços – Rua Teresópolis, 90, Poços de Caldas, MG
Informações: (35) 3722-2776
Entrada gratuita

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