Alunos brancos, meninas e meninos, têm melhor desempenho sobre estudantes negros (pretos e pardos) nos 26 estados pesquisados e também no Distrito Federal, segundo o boletim Desempenho escolar, raça e gênero: o que contam os dados do Saeb 2021, nova publicação do Observatório da Branquitude, lançado nesta terça-feira (29).
O material analisa o desempenho escolar de alunos do 9º ano, último ano do Ensino Fundamental, a partir das médias obtidas nos testes de Língua Portuguesa e Matemática do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a cada dois anos em escolas públicas e particulares de todo o país.
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Os dados analisados revelam que meninas brancas são o grupo com o melhor desempenho no teste de Língua Portuguesa da avaliação. As meninas negras obtiveram a segunda maior média em Português, com exceção dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, em que os meninos brancos obtiveram uma média maior do que as das meninas negras. Já os meninos negros ficam com a pontuação mais baixa em relação aos demais grupos estudados em todas as regiões, acima apenas da média geral de cada estado. Com exceção do Distrito Federal, em que meninos negros ficaram abaixo da média distrital.
Em Matemática, os meninos brancos assumem a dianteira com as melhores médias em quase todo o país, somente em Alagoas meninos negros assumem a maior pontuação. No geral, meninos brancos se sobressaem aos meninos negros, às meninas brancas e às meninas negras, nesta sequência. Já o segundo melhor desempenho em Matemática é dos meninos negros, seguidos por meninas brancas e meninas negras, nesta ordem. Apenas em Roraima e Tocantins meninas brancas tiveram o segundo maior desempenho, seguidas de meninos negros e meninas negras.
Os dados são públicos e servem para que as redes de ensino possam monitorar a qualidade da educação oferecida e nortear políticas públicas educacionais. A avaliação em Língua Portuguesa é feita com ênfase em leitura, e em Matemática, concentrando-se na resolução de problemas.
“Nossa publicação faz um convite à reflexão sobre as dinâmicas entre marcadores de raça, gênero e desempenho escolar entre os grupos em questão com base nas informações do Saeb 2021, por meio do qual o país realiza um diagnóstico fundamental da qualidade da educação. Acreditamos que esta contribuição possa servir de insumo a interessados no tema, bem como à gestão pública, sobretudo às esferas municipais recém-eleitas em todo o país, responsáveis pela oferta do Ensino Fundamental, no sentido de informar políticas focalizadas”, revela a coordenadora de pesquisa do Observatório da Branquitude, Carol Canegal.
Nayara Melo, pesquisadora do Observatório da Branquitude, aponta destaques que podem explicar as diferenças de desempenho entre meninos e meninas: “É importante observar que tanto o gênero quanto a raça configuram variáveis de peso na distribuição destas médias. Perceber que há disciplinas que são mais mobilizadas para determinados gêneros mostra desigualdades de ocupação em determinadas áreas, o que se reflete também na ocupação por raça/cor. Pensar sob a ótica da interseccionalidade aponta para essas desigualdades que aparecem na pesquisa e que são somadas nestes estudantes”, finaliza.
O Estudo é um dos materiais produzidos pela organização como parte de uma agenda de enfrentamento ao racismo a partir da educação, com foco nas desigualdades presentes na educação básica brasileira. Veja dados completos no site da entidade aqui!