A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou nesta quarta-feira (15) que o visto concedido pelos Estados Unidos a ela a identifica com o gênero masculino, contrariando seus documentos civis brasileiros, que a reconhecem como mulher. A parlamentar afirmou que acionará o país na ONU (Organizações das Nações Unidas) e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) por considerar o caso um ato de transfobia e um desrespeito à sua identidade.
O visto anterior, emitido pelos EUA em 2023, registrava corretamente seu gênero como feminino. Hilton declarou que apresentou certidão de nascimento e passaporte diplomático com a identificação adequada durante o processo. “Não se trata apenas de um caso de transfobia. É um documento sendo rasgado sem pudor. Vou acionar judicialmente o presidente [Donald] Trump na ONU e na CIDH. Queremos que o Itamaraty chame o embaixador [dos EUA] para explicações”, disse a deputada em entrevista à Folha de S. Paulo.
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Ela ainda criticou o presidente americano, chamando-o de “homem doente que se sente dono da verdade”. A Embaixada dos EUA no Brasil ainda não se manifestou sobre o ocorrido. Hilton cancelou uma viagem aos Estados Unidos, onde participaria no sábado (12) de um painel na Brazil Conference, evento organizado pela comunidade brasileira das universidades Harvard e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). A deputada alegou medo de sofrer constrangimentos no aeroporto devido à divergência entre o gênero no visto e em seus documentos. “Senti medo, para ser sincera. Não aceitei me submeter a essa violência. Perdi uma atividade importante, mas não mereço esse desrespeito”, afirmou. O PSOL anunciou que levará o caso a instâncias internacionais, pressionando também o governo brasileiro a se posicionar. A deputada é a primeira mulher trans eleita para o Congresso Nacional e tem sido vocal sobre pautas de gênero e direitos humanos.