Em delação premiada firmada com a Policia Federal e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o ex-PM Élcio de Queiroz confessou ter participado do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e que Ronnie Lessa teriado sido o autor do disparos. A informação foi confirmada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta segunda-feira (24). O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa também foi preso nesta manhã.
Em depoimento já homologado pela Justiça, Élcio, preso desde 2019 por envolvimento na morte de Marielle, confessou que dirigiu o carro usado no assassinato e que seu amigo, Ronnie Lessa, efetuou os disparos de submetralhadora contra a vereadora. O ex-PM também disse que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, teria feito campanas e vigiado os passos de Marielle. Ainda segundo a delação, Suel também participaria do crime, mas foi substituído por Élcio.
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“As provas colhidas e reanalisadas pela Polícia Federal de fevereiro pra cá confirmaram, de modo inequívoco, a participação do senhor Élcio e do senhor Ronnie, e isso conduziu à delação do Élcio”, disse o ministro Flávio Dino em coletiva.
Dino também afirmou que Élcio terá benefícios pela delação, mas continuará preso em regime fechado. “O instituto da colaboração premiada pressupõe o acordo [benéfico ao delator]. Claro que houve. As cláusulas ainda permanecem sob sigilo judicial, mas posso afirmar que o senhor Élcio continuará preso em regime fechado. Inclusive, onde se encontra”, explicou o ministro.
Suel foi preso nesta manhã na primeira fase da Operação Élpis, nome da deusa grega da esperança. A operação realizou sete mandados de busca e apreensão.
O ex-bombeiro foi preso pela primeira vez em 2020, por ser acusado de ser dono do carro onde estavam escondidas as armas do crime. Em 2021. ele foi condenado a quatro anos de prisão por tentar interferir nas investigações, mas cumpria em regime aberto e prestando serviços à comunidade.
Ainda será feitas novas investigações e acredita-se que tenha mais envolvidos no crime. “Sem dúvida há a participação de outras pessoas, os fatos revelados e as provas colhidas indicam isso. Indica uma forte vinculação desses homicídios, especialmente da vereadora Marielle, com a atuação das milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro. Isso é indiscutível. Até onde vai isso as novas etapas vão ser reveladas. Ronnie, Élcio e Maxwell participam de um conjunto que está relacionado a essas organizações criminosas no Rio de Janeiro, infelizmente”, disse Dino.
A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, se pronunciou sobre o caso e disse confiar na investigação da PF. “Falei agora por telefone com o ministro Flávio Dino e diretor geral da Polícia Federal sobre as novidades do caso Marielle e Anderson. Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF e repito a pergunta que faço há 5 anos: quem mandou matar Marielle e por quê?”, disse a ministra.