Após o jornal Folha de S. Paulo publicar artigo sobre o ‘racismo reverso’, de autoria do ensaísta Antonio Risério, 186 jornalistas do periódico denunciaram nesta quarta-feira (19) a “publicação recorrente de conteúdos racistas” no jornal. Profissionais demonstraram sua indignação com o alto escalão do jornal através de uma carta aberta. “A Folha não costuma publicar conteúdos que relativizam o Holocausto, nem dá voz a apologistas da ditadura, terraplanistas e representantes do movimento antivacina. Por que, então, a prática seria outra quando o tema é o racismo no Brasil?”, registra a carta.
Profissionais denunciaram a existência de um padrão perigoso, que leva o jornal a publicar textos polêmicos para gerar mais cliques e figurar entre os assuntos mais comentados do país. “Para além de reafirmarmos a obviedade de que racismo reverso não existe, não pretendemos aqui rebater o que afirma o autor — pessoas mais qualificadas do que nós no tema já o fizeram, dentro e fora do jornal. No entanto, manifestamos nosso descontentamento com o padrão que vem se repetindo nos últimos meses”, declaram os jornalistas.
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Endereçada ao Conselho Editorial da Folha, carta continua: “Em mais de uma ocasião recente, a Folha publicou artigos de opinião ou colunas que, amparados em falácias e distorções, negam ou relativizam o caráter estrutural do racismo na sociedade brasileira. Esses textos incendeiam de imediato as redes sociais, entrando para a lista de mais lidos no site. A seguir, réplicas e tréplicas surgem, multiplicando a audiência. A controvérsia então se estanca e morre, até que um novo episódio semelhante surja. Antes do artigo em questão, colunas de Leandro Narloch e Demétrio Magnoli cumpriram esse papel“.
Com assinaturas dos profissionais envolvidos, leia a seguir, a carta na íntegra.
Leia aqui a revolta em torno do artigo “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo”, publicada pela Folha de S. Paulo.