“No Brasil os negros vão deixar de ter a posição que têm hoje, pois ainda sorriem, e vão começar a ranger os dentes.” – Milton Santos
Depois da aprovação da “PEC da Blindagem” na Câmara dos Deputados e da urgência do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, o meu parente questionou no grupo da família: “dá pra levar a sério os políticos?”. As respostas que seguiram foram carregadas de memes, satirizando a situação. Isso me incomodou bastante. Não era exclusivo daquela bolha de que faço parte. Os comportamentos se repetem em todos os lugares. Nas conversas nas lanchonetes, nos transportes, entre estudantes, etc.
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Mas, eu penso que precisamos rever essas visões que temos em relação às pessoas que estão nos espaços de poder. Não é possível levarmos tudo na brincadeira. É inaceitável a ideia de que “o brasileiro é assim mesmo”, como contraponto à minha crítica.
Os brancos não brincam em serviço. Mesmo com sorriso no rosto, agem ferozmente na defesa dos próprios interesses, alargando imensamente os próprios privilégios e destruindo os sonhos e direitos das classes desfavorecidas.
Nesses mais de quinhentos anos de Brasil, nada mudou, os brancos seguem fortes e poderosos, enquanto pobres, pretos e indígenas sofrem diariamente as agruras do cotidiano. Mal conseguimos nos unir para a divisão de um prato de comida, de tão pouco que recebemos pela nossa força de trabalho.
A palavra democracia foi banalizada de tal maneira que o sentido está quase subvertido. Quando os políticos falam em democracia para a justificativa do que fazem, nós compreendemos como “políticas para ricos”. Nada mais.
Nós, o povo brasileiro, devemos levar as coisas de maneira rígida para enfrentarmos essa camada da sociedade. Numericamente, somos superiores e os principais prejudicados, portanto, a organização em torno de nossos interesses precisa ser a meta inegociável. Fortaleçamos as instituições da sociedade civil. A participação popular é fundamental na elaboração de estratégias de combate e exigências das políticas públicas voltadas para a população marginalizada.
Antecipemos ao ranger dos dentes e saiamos desse lugar lúdico para a construção de um mundo sem desigualdade.
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