Por: Rachel Maia
As datas são importantes porque nos convidam a olhar para o que está diante de nós, mas que, muitas vezes, passa despercebido no cotidiano. No mês de outubro, duas delas se destacam por nos fazer refletir sobre quem fomos, quem somos e o que estamos construindo.
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Na semana do Dia das Crianças, comemorado em 12 de outubro, as redes sociais se enchem de fotos da infância e de reflexões sobre os conselhos que daríamos hoje a nós mesmos quando éramos crianças — as respostas quase sempre remetem ao aprendizado. Muitas dessas lembranças revelam as inseguranças e os medos que adquirimos justamente em uma fase da vida em que deveríamos sentir apenas acolhimento e segurança para validar nossa existência. É nesse ponto que os professores e o ambiente escolar se tornam fundamentais.
Coincidentemente, poucos dias depois, em 15 de outubro, celebramos o Dia dos Professores, uma data que reforça a importância de quem nos ensina. Um vínculo que começa cada vez mais cedo, à medida que as famílias, especialmente as mulheres, ampliam sua presença no mercado de trabalho, e a educação infantil se torna um espaço que deveria ser a extensão de cuidado, aprendizado e socialização.
Se pensarmos que a primeira infância é o alicerce da convivência — e que o modo como uma criança é acolhida, reconhecida e representada nessa fase impacta diretamente como ela enxergará a si mesma e ao outro no futuro — investiríamos todo o nosso discurso e ferramentas para que todas as crianças tenham uma experiência que corresponda ao adulto que queremos encontrar no futuro.
É nesse início de jornada que a educação social se torna fundamental. Não é apenas sobre ensinar conteúdos, mas sobre formar cidadãos empáticos, conscientes e respeitosos com as diferenças — um desafio necessário e valioso se quisermos construir oportunidades de desenvolvimento múltiplas e de acesso a todos.
Uma infância diversa para um futuro plural
Uma em cada seis crianças de até seis anos já foi vítima de racismo no Brasil — e muitas dessas situações acontecem justamente em espaços escolares. Espaços que, entre 2013 e 2024, segundo o portal Diversa, tiveram um aumento de 500% no número de crianças com algum tipo de deficiência, mas que ainda enfrentam barreiras como falta de estrutura, formação docente e recursos adequados para garantir uma inclusão de fato.
Esses números reforçam algo em que acredito profundamente: a diversidade começa na infância. É ali que se plantam as sementes da empatia, da escuta e do respeito. Promover uma educação social que valorize a pluralidade racial, cultural, de gênero e de habilidades não é uma pauta futura — é uma urgência do presente.
Por isso, quando penso no Dia das Crianças e no Dia dos Professores, penso também no nosso papel coletivo: o de garantir que toda criança tenha acesso a um ambiente escolar diverso, seguro e acolhedor; que os professores recebam apoio e formação para lidar com a pluralidade que existe em sala de aula; e que as famílias encontrem na escola uma parceira na construção de um futuro mais justo e representativo.
Toda criança tem o direito de experimentar o novo sem o peso do racismo e do preconceito. Esse desejo é também um apelo para que elas passem pela primeira infância com leveza e possam explorar, com curiosidade e encantamento, o mundo que se revela.
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