Mundo Negro

“E agora? Ela é negra”, diz família ao tentar recusar atendimento de socorrista do SAMU

Enfermeira Laura Cristina Cardoso. Foto: Arquivo pessoal.

A salva-vidas Laura Cristina Cardoso, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), utilizou suas redes sociais para expor um caso de racismo que sofreu , no último dia 12 de março, ao tentar socorrer um idoso, na região central de São Paulo. Laura afirmou que a família do paciente não queria que ele fosse atendido por ela e que fizeram comentários ofensivos durante sua chegada ao local de verificação. “A senhora ficou meio desesperada e gritou: ‘E agora, filho? Ela é negra.’ Aí, o filho respondeu: ‘Tudo bem, mamãe. Ela está usando luvas'”, contou a enfermeira.

Laura revelou que a mulher do idoso se assustou quando ela entrou no quarto para fazer os primeiros atendimentos. A socorrista disse que ficou chocada com o que ouviu, mas preferiu não reagir, pois só se preocupou em salvar o idoso que precisava ir para um hospital. O homem tem 90 anos e estava com rebaixamento do nível de consciência. “Tem que ter muita resiliência”, escreveu a salva-vidas.

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Ao G1, Laura declarou que não reagiu aos comentários porque decidiu seguir o juramento da enfermagem. “Naquela hora, vendo aquele idoso passando mal, o que eu vou responder para uma pessoa dessa? Também não reagi por causa do meu juramento. O juramento da Enfermagem é proteger a vida desde a concepção até a morte. E eu faço isso”, enfatizou a profissional. “Protejo a vida. Mesmo a vida dos racistas. Qualquer outra atitude poderia colocar a vítima em risco”.

“Então é respirar fundo, trincar os dentes e seguir em frente. Se você está perguntando por que essas pessoas receberam o melhor tratamento possível, eu respondo: quem elas são não muda quem eu sou. A vítima foi devidamente atendida pelas minhas mãos negras enluvadas”, escreveu Laura nas redes sociais.

A enfermeira contou ainda que essa não foi a primeira vez que ela foi agredida verbalmente. “Pedem para a gente entrar pelo elevador de serviço, não tocar nos pacientes. Isso é muito comum”, contou ela, que resolveu não denunciar o ocorrido envolvendo a família do idoso.

A Prefeitura de São Paulo emitiu uma nota oficial repudiando o caso de racismo sofrido por Laura, ressaltando que as medidas cabíveis estão sendo tomadas:

A Prefeitura de São Paulo, por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), informa que lamenta o ocorrido e repudia qualquer caso de discriminação, com cunhos racistas e preconceituosos. Casos deste tipo devem ser tratados com a máxima seriedade e em todos os âmbitos. As providências necessárias estão sendo tomadas e o Samu encoraja e estimula os profissionais para que, em casos como esse, sejam notificados de imediato às chefias e às autoridades competentes.

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