A falta de acesso à tecnologia nas escolas, desde o ensino básico até o ensino superior, aprofunda as desigualdades educacionais entre estudantes negros e brancos, revelando um impacto que se estende ao mercado de trabalho. Essa é a principal conclusão de uma pesquisa conduzida pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper (Neri) em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, publicada pelo jornal O Globo.
De acordo com o levantamento, em 2023, 57% dos alunos brancos tinham acesso a tecnologias nas escolas. Entre os estudantes pretos e pardos, os percentuais foram de 50% e 49%, respectivamente. Esses números refletem uma diferença significativa no uso de ferramentas tecnológicas que, segundo especialistas, têm se tornado essenciais para o aprendizado e desenvolvimento das habilidades demandadas pelo mercado de trabalho contemporâneo.
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A pesquisa também analisou o impacto dessas desigualdades no ensino superior. Embora pessoas negras constituam 56,1% da população brasileira, elas ocupam apenas 48,3% das vagas universitárias. Em cursos considerados mais prestigiados, como os de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês), a representatividade cai ainda mais: estudantes negros são 42% do total de matriculados, enquanto brancos chegam a 55,7%.
Em áreas menos concentradas em tecnologia, como humanidades e ciências sociais, a diferença é menor, mas ainda presente: pretos e pardos representam 47% dos matriculados, contra 50,9% de brancos. Os dados foram obtidos a partir do Censo Escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgados pelo Inep.
A pesquisa chama atenção para a necessidade de políticas públicas que democratizem o acesso à tecnologia e incentivem uma maior inserção de estudantes negros em áreas que oferecem melhores oportunidades no mercado de trabalho, especialmente nas disciplinas STEM.