Mundo Negro

Demissão de Yuri Silva, secretário apontado como uma das maiores lideranças negras da atualidade, gera críticas ao Ministério da Igualdade Racial

A justificativa de “reestruturação para a segunda metade da gestão” para explicar a demissão de Yuri Silva do cargo de Secretário do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial não convenceu muitas pessoas do movimento negro e outros profissionais que já trabalharam com ele. Além de Silva, outras quatro pessoas de sua equipe foram demitidas, aumentando o mal-estar dentro do Ministério da Igualdade Racial.

Benedito Mariano, um dos coordenadores da área de segurança do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha de 2022, criticou a decisão de Anielle Franco em entrevista à Folha de S. Paulo: “Yuri é uma grande liderança do movimento negro e um quadro de primeira linha. O governo federal perde um grande gestor e uma das maiores lideranças do movimento negro do país.”

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Repercussão e apoio nas redes sociais

A demissão de Yuri Silva gerou uma onda de apoio nas redes sociais, com várias manifestações de figuras do movimento negro. A ativista Preta Rara lamentou a saída de Yuri, destacando o impacto de sua ausência: “Você estava fazendo um excelente trabalho, já que você tem base centrada nas nossas questões étnicas no geral. Quem perde somos todos nós por você não fazer mais parte do Ministério da Igualdade Racial.”

Saory Brito, por sua vez, chamou a saída de Yuri de “uma das maiores perdas que o Ministério sofreu”, destacando a capacidade, o conhecimento e a luta dele na direção da pasta.

Especulações sobre os motivos e o impacto da demissão

O Ministério da Igualdade Racial justificou a exoneração em nota oficial: “Em estruturação da segunda metade da gestão, o ministério exonerou o Secretário do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Yuri Silva. O novo nome será anunciado ainda esta semana e virá com a missão de fortalecer o Sinapir. A diretora de Monitoramento e Avaliação da secretaria, Tatiana Dias, assumirá interinamente até o anúncio.”

Fontes ligadas ao ministério, conforme mencionado em texto assinado por Basília Rodrigues na CNN, sugerem que a proximidade de Yuri com o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, pode ter influenciado a decisão. Almeida foi demitido após ser acusado por Anielle de importunação sexual e mantinha laços com o IREE, onde Yuri trabalhou antes de ingressar no governo.

A comunicação sobre a exoneração foi feita por videoconferência enquanto Yuri estava em Salvador, acompanhando o luto pelo falecimento de sua avó, Dona Maria. O momento delicado em que a demissão ocorreu ampliou a repercussão negativa do caso.

Um representante do movimento negro, que preferiu não se identificar, criticou a decisão, afirmando que Yuri é “unanimemente respeitado pelos ativistas negros por ser uma pessoa séria e batalhadora”.

Após o episódio, Yuri Silva se manifestou em suas redes sociais, agradecendo pelo apoio recebido: “Quero agradecer a toda solidariedade que recebi após as notícias da minha demissão do Ministério da Igualdade Racial. Saber que eu inspiro tanta gente e tenho apoio de tantos líderes que me educaram como homem negro me deixou muito feliz. Meu coração está em paz! Voltarei logo!”.

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