No dia 17 de setembro, a partir de 12h, a artista audiovisual Ilana Paterman Brasil lança ‘Água de cor: as danças das mulheres da Nação Ijexá‘, um projeto artístico-documental em animação das danças das Iabás – orixás femininas – e da Colondina. Contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2019-2020, ele é composto por animações feitas em rotoscopia artesanal a partir de registros videográficos, utilizando a aquarela como ferramenta criativa, e uma publicação.
O evento, quando também será oferecida uma feijoada, acontece no próprio terreiro Corte Real da Nação Ijexá, liderado por Pai Zezito de Oxum e localizado em Belford Roxo, Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. As obras e curiosidades sobre o processo de criação do trabalho ficam acessíveis em https://www.ilanapatermanbrasil.com/aguadecor.
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O projeto
‘Água de cor: as danças das mulheres da Nação Ijexá’ surge com o intuito de comunicar os saberes das danças femininas de terreiro, que traduzem em movimentos os mitos iorubás, atualizando-se nos corpos e seguindo de forma fluida os toques dos atabaques – mito, som e gesto tornam-se uma coisa só. O foco do projeto está nas mulheres. São seis as principais iabás: Oxum, Obá, Euá, Nanã, Iemanjá e Iansã. Soma-se a elas a Colondina – uma Pombagira, entidade que traz nos gestos inúmeras possibilidades de manifestação do feminino.
“São referências essenciais em um momento de transformação para as mulheres, que buscam saídas para desenvolver potências e desejos”, explica Ilana. “Os arquétipos femininos iorubás resistiram à barbárie civilizatória e ao domínio colonial, preservando outras formas de ser e de agir enquanto mulher na sociedade.”
Técnica de animação
A rotoscopia permite que o movimento se revele ao transformar vídeo em desenho – o corpo dançante, em traços e cores, torna-se o único elemento na tela, direcionando a comunicação expressiva dos gestos. A utilização do processo artesanal, com aquarela, surge como consequência das vivências em terreiros: o fazer manual e o contato direto com materiais naturais inspiraram a escolha por essa linguagem. Além disso, a água – base da aquarela – é ritualmente associada às mulheres.
Cada animação é composta por centenas de desenhos que, quadro a quadro, recriam os gestos expressivos das filhas de Pai Zezito de Oxum, líder da Corte Real da Nação Ijexá. Silvia, Mara, Ângela, Rosani, Eunice, Solange e Solemar dançaram para duas câmeras, em uma manhã de agosto de 2021, e tornaram-se aquarelas. Estes desenhos foram fotografados em diferentes chãos e, assim, viraram movimento novamente.
O livro
A publicação apresenta uma seleção de desenhos de cada dança, permitindo a apreciação de aquarelas em diferentes escalas, o que inclui uma série de 36 desses desenhos lado a lado, a fim de visualizar os passos das animações. O livro também traz textos de Ilana, nos quais ela compartilha histórias e magias do processo de realização deste trabalho com Ricardo Alves, Ogan da Oxum de Pai Zezito, e o historiador Luiz Antonio Simas.
Curiosidades
Pai Zezito veio de Salvador, nos anos 1950, fundou o primeiro terreiro da nação Ijexá em solo fluminense. O termo “nação” está relacionado às origens das tradições de uma casa, remanescente de diferentes regiões africanas. Ijexá é o nome das terras onde corre o rio Oxum. Os Ijexás são intitulados de “Povo das Águas”.
Ilana Paterman Brasil é artista, pesquisadora e pertencente ao terreiro Corte Real da Nação Ijexá. Realizou projetos anteriores de forma similar, porém focados em retratar personalidades do Candomblé. Água de Cor é um projeto inédito de comunicação, documentação e preservação de danças e gestos das Iabás, cada uma carregando características de diferentes arquétipos femininos, presentificadas nos próprios movimentos.
SERVIÇO:
Rumos Itaú Cultural 2019-2020
Água de cor: as danças das mulheres da Nação Ijexá
Dia 17 de setembro, a partir de 12h
Exibição das animações, lançamento da publicação e feijoada
Local: Culto Afro Corte Real da Nação Ijexá
Rua Nossa Senhora do Líbano, 16, Parque Amorim
Belford Roxo (RJ)
Entrada gratuita