Mundo Negro

“Culpo um sistema inteiro que permitiu e perpetrou abusos”, diz Simone Biles em depoimento ao Senado dos EUA

Foto: Getty Images.

A ginasta Simone Biles prestou depoimento ao Comitê Judiciário dos Estados Unidos nesta quarta-feira (15), sobre os abusos sexuais cometidos pelo ex-médico do time de ginástica dos EUA, Larry Nassar. Ele está preso desde 2018 cumprindo pena por abuso sexual, denunciado por mas de 300 atletas.

“Não quero que outro jovem ginasta, atleta olímpico ou qualquer indivíduo experimente o horror que eu e centenas de outros sofremos antes, durante e até hoje, causado pelo abuso de Larry Nassar”, disse Simone, que também estendeu a responsabilização pelos atos sofridos aos órgãos e entidades que já sabiam do ocorrido e nada fizeram.

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“Para ser clara, culpo Larry Nassar e também culpo todo um sistema que permitiu e perpetrou seus abusos. A ginástica dos Estados Unidos e o Comitê Olímpico e Paraolímpico sabiam que fui abusada pelo médico oficial da equipe muito antes de eu saber do conhecimento deles”, enfatizou.

Uma investigação interna do Departamento de Justiça divulgada em julho disse que o FBI cometeu erros fundamentais na investigação e não tratou o caso com a “maior seriedade” depois que a USA Gymnastics relatou pela primeira vez as alegações ao escritório do FBI em Indianápolis em 2015. O FBI reconheceu que sua própria conduta era indesculpável.

“Lamento especialmente que pessoas do FBI que tiveram oportunidade de parar esse monstro em 2015 e falharam, e isso é imperdoável. Nunca deveria ter acontecido, e estamos fazendo tudo ao nosso alcance para que isso nunca aconteça novamente”, disse o diretor do FBI, Cris Wray.

De acordo com o Washington Post, Biles é a única das testemunhas que competiu nas Olimpíadas de Tóquio em 2020, de onde ela se retirou das finais da equipe para se concentrar em sua saúde mental. Simone disse ao comitê que o trauma persistente de seu abuso nas mãos de Nassar influenciou sua decisão de sair de várias competições. Na audiência, ela disse que quis continuar em Tóquio “para ajudar a manter uma conexão” entre as falhas dos oficiais e a competição olímpica, mas que isso “provou ser um fardo excepcionalmente difícil para eu carregar.”

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