Nesta quarta-feira, 13, aconteceu um café da manhã com lideranças femininas durante a 68ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres (CSW), promovida pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil, em Nova York, nos Estados Unidos. O evento contou com a presença de importantes lideranças brasileiras, como a primeira mulher presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, Ana Fontes, Fundadora Rede Mulher Empreendedora e Instituto Rede Mulher Empreendedora e de Alexandra Veitch, Diretora de Políticas Públicas para as Américas do YouTube, que participaram de um talk que trouxe um panorama das oportunidades para mulheres nos setores de liderança.
Durante o café da manhã, as discussões do dia foram pautadas pelo papel imperativo das empresas na defesa dos direitos humanos das mulheres e meninas, especialmente aquelas que enfrentam múltiplas vulnerabilidades. Além de destacarem a colaboração crucial com o setor público para desenvolver e implementar estratégias que ampliem a participação das mulheres em todos os níveis de tomada de decisão nas empresas, considerando que o Estado desempenha um papel fundamental na garantia da realização do ODS 5, reduzindo as desigualdades para as mulheres e meninas. Isso se alinha com os movimentos de direitos humanos na estratégia Ambição 2030 do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, especialmente dos Movimentos Elas Lideram 2030, Raça é Prioridade e Salário digno.
Notícias Relacionadas
A empreendedora Ana Fontes destacou o quanto a 68ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres é um evento representativo. “A gente acha que isso é normal, ver eventos com representatividade, mas vocês sabem tanto quanto eu que não é tão simples assim e o quanto é bacana reconhecer quem está fazendo esse trabalho”, disse.
Já Tarciana Medeiros, presidenta do BB, falou brevemente sobre sua trajetória como “uma mulher negra, LGBT, paraibana”, lembrando as mulheres de sua família: “Vim de uma casa de mulheres muito fortes, mulheres preocupadas com a educação, mulheres empoderadas à frente do tempo delas, e que tive a sorte de elas me ensinarem que eu poderia ser tudo o que eu quisesse ser. Mas eu confesso que não imaginava ser presidenta do Banco do Brasil, mas eu pensava em ser presidenta da república nessa época”.
Durante o talk, ela afirmou que “o Banco do Brasil é o time mais diverso do sistema financeiro do país”, e explicou como fez para melhorar esse desempenho internamente.
“Nós não tínhamos as informações necessárias para tratar dos temas que seriam adequados, então nossa equipe desenvolveu um modelo em que nós temos ali: identificação de colegas autodeclarados, identificação de colegas que já se declararam quando fizeram o concurso do banco, em que posição de liderança eles estão, se não estão em posição de liderança, se estão capacitados ou não para assumir funções de liderança no banco”, contou.
E completou: “Nós estamos nos utilizando dessa plataforma de diversidade interna do banco, para tomar as decisões e seguir o plano a que nos propusemos. Essa plataforma está à disposição das outras empresas que quiserem ter acesso a ela.. Então é possível metrificar, criar relatórios e acompanhar a evolução a partir dela. É preciso que a gente meça, acompanhe, para entender de fato onde nós estamos e que caminho que falta para percorrer”.
Tarciana também falou sobre programas oferecidos por órgãos públicos que buscam fortalecer o trabalho de empreendedoras negras e amparar mulheres trans, mas que pouco são conhecidos da população no Brasil.
“O ‘formulário Rogéria’ é uma iniciativa muito interessante do CNJ brasileiro, foi criado para proteção de mulheres trans e ninguém conhece. Como que a gente faz para difundir, para divulgar essas iniciativas? A gente tem cursos na plataformas ‘Mulheres no Topo’ sobre empreendedorismo feminino que ensina como empreender, então a plataforma para quem quer empreender é um primeiro contato com o empreendedorismo, para quem já é empreendedor a gente ensina quais linhas de crédito pode tomar, quando pode tomar e outros produtos financeiros inclusive de investimento e quando a gente trata de saúde, que é um grande gargalo para a mulher, a gente tem também, não só curso, mas consultas”, disse.
A 68ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres acontece até o dia 22 de março. A participação brasileira, composta de uma delegação de cerca de 150 pessoas, acontece por meio de eventos paralelos nos dias 13 e 14 de março.