O jornal Folha de S. Paulo publicou nesta semana um artigo da jornalista Thaís Regina em que a intelectual e escritora negra bell hooks é acusada de homofobia em trechos de seu livro “Partindo o Pão – Vida Intelectual Negra Insurgente”, publicado originalmente em 1992, escrito em diálogo com o filósofo Cornel West.
A matéria critica posicionamentos de hooks sobre a sexualidade de Malcolm X, retratada no livro biográfico “Malcolm X: Uma Vida de Reinvenções” escrito por Manning Marable, que sugere que Malcolm X teve relações com homens. Além disso, o artigo também faz críticas à sua análise do documentário “Paris is Burning” (1990), que retrata a cultura drag ballroom em Nova York e afirma que drag queens negras estariam “venerando o trono da brancura”.
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O trecho escrito por bell hooks não se parece com uma crítica à comunidade LGBTQIAPN+, mas a padrões eurocêntricos adotados por drag queens ao performar feminilidade: “Porque, de muitas formas, o filme era um documentário gráfico e retrato da maneira como os negros colonizados (neste caso, irmãos negros gays, alguns dos quais eram drag queens) veneram o trono da brancura, mesmo quando essa adoração exige que vivamos em eterno ódio a nós mesmos, roubemos, mintamos, passemos fome e até morramos em sua busca. O ‘nós’ evocado aqui somos todos nós, negros/pessoas de cor, que somos bombardeados diariamente por uma brancura colonizadora poderosa que nos seduz a abandonar a nós mesmos, que nega que haja beleza em qualquer forma de negritude que não seja imitação da brancura”.
Além disso, a obra “Partindo o Pão” continua sendo uma referência nos estudos sobre pensamento negro.