Mundo Negro

Cordeiros do Carnaval de Salvador denunciam maus-tratos e condições análogas à escravidão

Foto: Tatiana Dourado/G1

Durante os dias de folia na capital baiana, profissionais que atuam no carnaval de Salvador, na Bahia, em especial os cordeiros — responsáveis por controlar o fluxo de pessoas em torno dos trios elétricos —, denunciaram maus-tratos e condições de trabalho análogas à escravidão. As queixas foram registradas por uma equipe do Plantão Integrado dos Direitos Humanos, liderada pela Coordenação de Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae), durante fiscalização no circuito Dodô, no bairro da Barra, um dos principais pontos da festa.

Além de relatos de violência institucional por parte dos blocos contratantes, os cordeiros também apontaram agressões e desrespeito por parte de foliões. Empurrões, entradas e saídas excessivas nas cordas e agressividade foram alguns dos episódios mencionados. Na madrugada de domingo (2), o Posto Avançado da Barra recebeu cinco cordeiras que relataram situações de violência. Segundo as denúncias, os profissionais não contam com suporte ou proteção adequada durante o trabalho.

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Uma cordeira, que preferiu não se identificar, contou que sai de casa todos os dias antes das 7h e retorna após a meia-noite. Moradora de Mata Escura, ela utiliza diferentes modais de transporte para chegar ao local de trabalho. Ela criticou o kit fornecido pelo bloco, que incluía apenas um par de luvas para os seis dias de carnaval e alimentos ultraprocessados. Para se hidratar, ela precisou levar água de casa, já que as quatro garrafas de 500ml fornecidas pelo bloco eram insuficientes para um dia inteiro de trabalho: “Ontem tomamos uma chuva danada e ficamos molhados, porque não ganhamos capa”, relatou.

Em uma das instalações de um bloco tradicional do carnaval de Salvador, a equipe da Coetrae encontrou trabalhadores reivindicando melhores condições. Alguns não tinham dinheiro para o transporte de volta para casa, enquanto outros pediam água. A equipe coletou dados e contatos dos profissionais para acionar órgãos municipais, estaduais e federais responsáveis pela pauta do trabalho, com o objetivo de discutir medidas de proteção e reparação para aqueles que tiveram seus direitos violados.

O Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) informou, em nota, que está de plantão durante todo o carnaval para monitorar o cumprimento das condições legais de trabalho. Este ano, os blocos foram obrigados a formalizar contratos com o nome e CPF dos trabalhadores, medida que busca garantir maior transparência e responsabilidade.

Com informações de O Globo

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