Mundo Negro

Com o ex-goleiro Aranha e Glória Maria, Jornal Nacional exibirá especial sobre o crime de racismo no Brasil

Foto: Globo/ João Cotta.

O Jornal Nacional, da TV Globo, exibe na próxima terça-feira (13) a série especial ‘Brasil em Constituição’. A reportagem abordará o racismo como tema central e a forma como esse crime, que é inafiançável e imprescritível, está sendo compreendido pela sociedade brasileira. A reportagem traz em seu conteúdo pessoas que já sofreram na pele com o preconceito, como o ex-goleiro Aranha, a jornalista Glória Maria e o jornalista e professor da Unesp Juarez Xavier

O atleta Aranha, que foi vítima de um dos mais emblemáticos episódios de racismo do futebol brasileiro, é um dos personagens centrais da reportagem. “Desde pequeno percebia que as pessoas mudavam de calçada quando cruzavam comigo na rua. Temos que nos comportar de uma maneira diferente quando vamos à uma loja, não esquecer documento. A pessoa negra vai se moldando desde criança para fugir do perigo que é”, diz Mário Aranha, que, depois de deixar os gramados, se tornou escritor e é autor de “Brasil Tumbeiro”, livro infanto-juvenil que aborda a luta antirracista.  

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Ex-jogador Aranha na série ‘Brasil em Constituição’. Foto: Globo/ João Cotta.

No mesmo episódio, a jornalista Glória Maria relata que foi a primeira pessoa no Brasil a usar a Lei Afonso Arinos, que punia o racismo como contravenção e não como crime. No início da década de 80, a apresentadora do ‘Globo Repórter’ apresentou denúncia contra o gerente de um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro, que impediu a sua entrada.  

Foi um momento de muita dor, porque o racismo dói na alma. Quem não é preto, nunca vai entender isso. E eu sabia que aquilo não podia acontecer. Eu não poderia ser discriminada, humilhada, por causa da cor da minha pele. Na época que denunciei com base na Lei Afonso Arinos, esse gerente do hotel foi embora do Brasil, não passou um dia na prisão. Agora, a gente tem como punir”, diz Glória. “Se esse artigo não estivesse na Constituição, não sei o que seria de nós pretos. Acho que estaríamos vivendo como no tempo da escravidão”, complementa.  

A série mostra ainda o caso do professor Juarez Xavier, que foi agredido e xingado de “macaco” quando saía de um mercado em pleno dia 20 de novembro de 2019 – Dia da Consciência Negra. “Nós queremos que seja tipificado como tentativa de homicídio e como racismo para que, de fato, o espírito dos constitucionalistas de 88 seja assegurado com essa compreensão”, ressalta Xavier.

“Eu não tenho sequer uma sombra de dúvida de que o ‘Jornal Nacional’ vai exibir o mais importante produto da história do telejornalismo brasileiro. O conteúdo é oportuno, necessário, esclarecedor. E a realização é de um apuro técnico do mais alto nível”, destaca William Bonner, apresentador do ‘Jornal Nacional’. “A série é um mergulho na trajetória de construção da democracia brasileira, através da Carta Cidadã, de 1988. Mostra as passagens mais marcantes da Constituição e como ela contém os nossos anseios, deveres e desafios como nação”, complementa Renata Vasconcellos, que também apresenta o telejornal.  

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