A ida ao dentista é sempre algo tenso. Sentar-se em uma cadeira, abrir a boca e deixar um profissional mexer em uma área tão sensível causa pavor em muita gente. Para quem é negro, ainda há uma outra problemática que é a chance de ter passado por alguma situação onde não se sentiu confortável ou bem acolhido. Um exemplo é o caso da empresária que teve o cabelo e o corpo cobertos com saco de lixo durante um atendimento supostamente por falta de EPis em uma clínica de odontologia.
E mesmo que não haja nenhum histórico de maus tratos, fato é, que ser atendido por alguém parecido conosco é sempre mais tranquilo. Os dentistas Victor Hugo de Paula e Alexandre Severo Mendes, ambos formados pela Faculdade de Odontoligia de Valença (RJ) vivem o outro lado da profissão, onde infelizmente o racismo também aparece.
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“Quando ele passou por aqui, eu não achei que ele fosse dentista. Achei que ele fosse um funcionário lá de trás… Deus me livre ser atendida por um negão desse”. Essas foram algumas das frases que Victor Hugo ouviu em alguns momentos da sua carreira e que o motivou a abrir a Ayo Odontologia juntamente com Alexandre. O negócio começou a ser pensando em dezembro de 2020 e em fevereiro eles já fizeram o primeiro atendimento no espaço que fica no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Com jalecos coloridos com estampas africanas, a clínica é focada no afrompreendedorismo priorizando profissionais negros sendo um espaço que atende todas as áreas, como clínica geral, odontopediatria, cirurgia Oral, implantodontia, prótese, ortodontia, ortopedia, dentística, periodontia, endodontia e harmonização Orofacial. “Somos uma equipe de 9 dentistas, uma Auxiliar de Saúde Bucal e uma secretária. Todos pretos! Como um afroempreendimento, uma equipe 100% preta é um dos princípios mais fortes do nosso projeto”, explica Hugo.
O negócio é afrocentrado, mas qualquer um pode ser cliente da Ayo. “Atendemos todas as pessoas que nos procuram, sem distinção. Mas é inegável o fato de que temos atraído muitas pessoas com experiências de violência e racismo em ambientes odontológicos”, finaliza Hugo.
Para quem quiser entrar em contato com a Ayo Odontologia , clique aqui.