Mundo Negro

Dirigida por Naruna Costa e com direção musical de Emicida, “Tá Pra Vencer” aborda racismo e esgotamento social

Foto: Reprodução

Dirigida por Naruna Costa, indicada ao Prêmio Shell 2024, e com direção musical de Emicida, a peça inédita “Tá Pra Vencer” estreia no próximo dia 19 de outubro no Sesc Ipiranga, em São Paulo. O espetáculo joga luz sobre as questões de saúde mental enfrentadas pela população negra e periférica, trazendo à tona temas como o esgotamento social, excesso de trabalho e as consequências do racismo estrutural. A montagem, que fica em cartaz até 21 de novembro.

Idealizado pelos atores Ailton Barros, Filipe Celestino e Jennifer Souza, co-fundadores do grupo de teatro negro “O Bonde”, o espetáculo utiliza o humor para abordar o impacto das desigualdades sociais e econômicas na saúde mental. “Tá Pra Vencer” retrata o cotidiano de três amigos que organizam uma festa de aniversário para um quarto amigo, que vive atrasado por conta do trabalho. Enquanto organizam a celebração, os personagens refletem sobre suas rotinas exaustivas e os desafios profissionais, revelando angústias que ressoam com uma ampla parcela da sociedade.

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“A pressão pela produtividade e a urgência fazem parte do dia a dia de todos, mas como isso afeta quem vive na periferia, especialmente a população negra?”, questiona Filipe Celestino, que também atua no espetáculo. A proposta da peça é, segundo ele, provocar uma reflexão sobre a sobrecarga imposta a esses grupos, que, além de enfrentar preconceitos sociais, precisam lidar com as demandas incessantes de um sistema que muitas vezes compromete a saúde mental.

A trilha sonora original e direção musical de Emicida trazem uma nova dimensão ao espetáculo. O artista, que já participou de festivais de teatro com seus shows, revela estar realizando um sonho antigo. “Sempre quis estar mais perto do teatro, e colaborar nesse projeto tem sido uma honra”, afirma.

O texto de Jhonny Salaberg, também indicado ao Prêmio Shell, equilibra momentos de humor com tensões profundas. “A peça passeia entre as anedotas e tensões, trazendo a realidade periférica à tona”, conta o dramaturgo. Já a diretora Naruna Costa enfatiza que, apesar do peso dos temas, o objetivo é tratar a questão com leveza. “O drama não é o foco central. A proposta foi deixar a dramaturgia mais leve, trazendo o humor para o cotidiano difícil da população periférica negra”, explica.

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