Tecnologia e ancestralidade se encontram na exposição “Eu, amanuense que escrevi…”, que estreia no dia 16 de maio no Arquivo Público do Estado de São Paulo, na capital paulista. A partir de registros históricos feitos à mão pelo abolicionista, jurista, escritor e jornalista Luiz Gama, a mostra utilizou inteligência artificial para reconstruir os rostos de 120 africanos libertos por ele entre 1864 e 1866.
Gama utilizou a lei de proibição do tráfico negreiro para emancipar os africanos e o uso da IA foi com base nas descrições físicas contidas nos documentos originais do Luiz Gama, para gerar rostos como retratos 3×4, acompanhados por cédulas de identidade (RG) produzidas com dados atualizados, como se essas pessoas pudessem, hoje, acessar um direito básico ainda negado a muitos: o de existir oficialmente.
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O conjunto documental sobre o abolicionista reúne nove periódicos que abordam sua atuação, incluindo o livro “Matrículas de Africanos Emancipados” de 1864, que contém manuscritos assinados pelo Gama.
Assinada por Diego Rimaos, a exposição também marca o reconhecimento do acervo “Presença Negra no Arquivo: Luiz Gama, articulador da liberdade (1830-1882)” como Patrimônio Documental da América Latina e do Caribe pela Unesco. O trabalho resgata e valoriza a luta de Gama pela liberdade e pela justiça, ao mesmo tempo em que aproxima o público das histórias de quem teve sua humanidade negada pelo sistema escravocrata.
“A recente decisão da Unesco é uma justiça histórica, reconhecendo a grandiosidade da obra de Luiz Gama, maior jurista do mundo moderno. Esta conquista é fruto do esforço da sociedade civil e do Estado de São Paulo, cuja missão é resgatar e recuperar esse legado custodiado pelo Arquivo Público”, comenta Bruno Rodrigues de Lima, responsável pela identificação do conjunto inicial dos documentos, pesquisador do Instituto Max Planck, fundador da Sociedade Luiz Gama e organizador das obras completas do abolicionista, premiado pelo Jabuti Acadêmico de 2024, com o volume “Direito 1870 – 1875: Luiz Gama” (Ed.Hedra).
A abertura contará com uma roda de conversa com especialistas e representantes do movimento negro, que irão refletir sobre memória, reparação histórica e o legado transformador de Luiz Gama. Entre os convidados estão Bruno Lima, Ednusa Ribeiro, do Arquivo do Estado e Meninas Mahin, Ligia Ferreira, da Fundação Bienal de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo.
A mostra é gratuita e poderá ser visitada no Arquivo Público do Estado de São Paulo, em Santana, zona norte da capital paulista.
Serviço
Exposição “Eu, amanuense que escrevi…”
Inauguração: 16 de maio de 2025
Local: Arquivo Público do Estado de São Paulo – Rua Voluntários da Pátria, 596,
Santana
Horário: 14h às 19h
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