Mundo Negro

‘Clube da Leitura Preta’ transforma vidas de adolescentes quilombolas por meio da literatura no interior da Bahia

Foto: Arquivo pessoal

A escritora e pesquisadora Jessika de Oliveira tem mostrado que a literatura pode ser um instrumento poderoso de transformação social. Criadora do Clube da Leitura Preta, o primeiro voltado a adolescentes quilombolas em Jequié, interior da Bahia, ela tem promovido há três anos o letramento racial e o fortalecimento da identidade por meio de autores e autoras negras, para jovens de 13 a 16 anos, no Colégio Estadual Doutor Milton Santos, uma instituição de ensino quilombola.

O projeto nasceu de um incômodo. Durante o estágio na escola escola pública, Jessika percebeu que os alunos não se interessavam pelos livros disponíveis. Então, decidiu mudar a forma como a leitura era apresentada. O Clube rapidamente se tornou um refúgio de expressão e pertencimento. Jovens que antes não se viam como leitores passaram a se identificar com as histórias que liam.

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“Um dos maiores impactos foi tornar interessante para os adolescentes, que é um público que está mais para a tecnologia. E o que mais me impactou foi quando alguns deles me disseram que não sabiam que tinham escritores parecidos com os pais deles ou avós e começaram a desengavetar escritos também. Isso me deu aquele [sentimento de] ‘estou no caminho certo’”, relata Jessika ao Mundo Negro.

Recentemente no programa Azeviche, ela também relembrou como tudo começou, em 2022. “Eu falei, ‘vamos tirar esses livros do cano e vamos colocar Becos da Memória, vamos colocar os textos de Ryane Leão’. Como é que esses meninos são atravessados por violências? Em contrapartida, nesse mesmo ano nasceu o Clube da Leitura Preta, na periferia, lá no Barro Preto”, contou.

Jessika continuou relembrando o impacto da violência contra os adolescentes negros e a importância do projeto de leitura. “Vários meninos que participavam do clube na época, foram vítimas dessa guerra de drogas, morreram. Tinham episódios que a gente se reunia, por exemplo, que estava comendo bala lá fora, e a gente dentro do clube, dentro de uma escola, numa sala, fazendo literatura. A minha missão que eu tenho pra fazer na vida, depois que eu entendi algumas coisas, que é a gente precisa abrir alguns caminhos. Então se eu puder fazer algumas frechas de luz pra quem vem também é importante”, contou.

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