Mundo Negro

Cinema negro: Em Guri, mãe ameniza as dores dor racismo por meio da ancestralidade

Victor é um menino de 12 anos que sonha em vencer um campeonato de Bolinha de Gude do seu bairro. Partindo da brincadeira de criança, o filme Guri apresenta uma família negra de periferia, formada por Victor e a mãe, Madalena, que precisam lidar com a condição social e os preconceitos raciais que estão sujeitos. Na trama, pouco se sabe do pai apenas que ele mora e trabalha em São Paulo.

O curta se passa em dois espaços distintos, a escola e o bairro em que mora – Barra do Jucu, em Vila Velha (ES). Assim temos Victor, apaixonado por bolinha de gude,  se preparando para disputar o campeonato de Bolinhas de Gude de seu bairro. Porém, na semana do grande evento, o pequeno Victor é vítima de uma piada racista de um colega de sala a respeito de seu cabelo Black Power.

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 mãe tem papel fundamental ao lidar com o ato racista, ao conversar com o filho sobre a importância de valorizar sua ancestralidade, sua história e não deixar-se abater por este tipo de preconceito. A história narra as aventuras desse garoto, que gosta de desenho animados e jogar futebol,  que graças à educação de sua mãe encontra na música os principais referenciais estéticos e de negritude.

O curta-metragem de ficção que tem direção e roteiro de Adriano Monteiro e produção executiva de Daiana Rocha, aborda uma das brincadeiras infantis que marcou época e quase não é mais vista nas gerações atuais. Guri é um drama e uma aventura infanto-juvenil. Apesar de seu conflito se estabelecer em cima de um tema delicado, o racismo na infância, ele não apaga sua perspectiva lúdica e divertida.

Com a proposta de adentrar no cotidiano dessa família negra de periferia, a pesquisa estética e cinematográfica iniciou-se em grandes obras do Cinema Novo e chegando a produções de bastante relevância no cinema contemporâneo, dentre eles estão Cidade de Deus (Fernando Meirelles, Kátia Lund, 2002), Ó Pai, Ó (Monique Gardenberg, 2007), 5x Favela – agora por nós mesmo  (Cacau Amaral, Rodrigo Felha, Cadu Barcelos, Luciano Vidigal, Manaira Carneiro, Wagner Novais, Luciana Bezerra, 2010). É importante destacar a influência de grandes diretores negros brasileiros, entre eles estão Joelzito Araújo, Jeferson De e André Novais Oliveira. Em relação a cineastas estrangeiros, a produção se ancora em obras dos diretores norte-americanos Spike Lee e Ava DuVerney, bem como no diretor senegalês Ousmane Sembène.

O curta-metragem propõe uma importante reflexão sobre a infância da perspectiva da criança negra, além de contribuir para o debate do racismo na infância, tão naturalizado em nossa sociedade através de piadas e “brincadeiras”, e ainda valorizar as representações de personagens negros e negras no cinema capixaba.

A produção ainda pretende distribuir o filme para utilização pedagógica nas escolas, como menciona o diretor. “O filme ao privilegiar um elenco composto em sua maioria por crianças, quer tocar em um tema delicado que é o racismo na infância e fomentar esse debate na família, na escola e em outras instâncias da sociedade”, afirma Adriano Monteiro.

O curta-metragem Guri será lançado no dia 26/03, às 19h no Cine Metrópolis (UFES). Após a exibição haverá bate-papo com o diretor, elenco e convidados. GURI é um projeto de curta-metragem contemplado pelo Edital 029/2017 do Fundo de Cultura – FUNCULTURA, da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult). Realização: Bule – Estúdio Criativo.  

Informações Gerais:
Sessão Especial de Lançamento
Curta-metragem Guri (Direção e roteiro Adriano Monteiro)
Data: 26/03 às 19h
Local: Cine Metrópolis (UFES)
Sessão de Abertura: Websérie Palavra Negra
Apoio cultural: Secult/ES. Realização Bule Estúdio Criativo.

Crédito de foto: Luara Monteiro. 

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