Mundo Negro

Cineasta Mariana Jaspe desvenda história de médica negra pioneira no Brasil em documentário investigativo

Diretora do filme, Mariana Jaspe. Foto: Divulgação.

O cinema brasileiro vai contar a história de uma mulher negra que sofreu, como muitas outras pessoas negras, com o apagamento de sua trajetória na história oficial.

Maria Odília Teixeira, neta de uma ex-escravizada e filha de um homem branco oriundo de uma tradicional família baiana e bon-vivant, nasceu antes da abolição, enfrentou um sistema social forjado na escravidão e uma medicina racista para se tornar uma das médicas mais importantes do Recôncavo Baiano. Mas, no auge do sucesso, fez o inesperado ao abandonar a carreira para se dedicar à família,  ocupando um lugar como importante membro da alta sociedade – que sempre rejeitou pessoas como ela.

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“O filme nasce de um encontro muito representativo sobre o que é o Brasil. Mayara dos Santos, hoje historiadora, era estagiária da biblioteca da Faculdade de Medicina da Bahia. Lá, ela se deparou com uma exposição sobre as proeminentes ex-alunas da casa. Exposto ao lado de pomposas mulheres brancas, estava o retrato desbotado de Maria Odília, no alto dos seus 20 anos. A foto datava 1904, mas, 110 anos depois, ninguém na escola de medicina mais antiga do Brasil sabia ao certo quem era aquela mulher.”, conta a diretora.

“Desafiada pelo mistério, e estupefata com o descaso, Mayara partiu rumo ao passado em uma profunda pesquisa que – pela primeira vez – jogou luz sobre Odília, uma mulher que não seguia os padrões sócio-raciais do século passado, nem os de hoje, uma mulher que a história tentou apagar. Nosso filme é sobre essa busca e esse encontro. Em tempos paralelos, Mayara vai descortinar a história de Maria Odília, que surpreende a cada descoberta”, detalha Mariana.

No filme que tem título provisório de “Maria Odília: quem é essa mulher?”, com roteiro e direção de Mariana Jaspe e produção executiva de Fernanda Bezerra da Maré Produções Culturais, passado e presente se misturam na busca por Maria Odília, uma mulher ambígua, pioneira e que rompeu barreiras. A pesquisa é da historiadora Mayara Santos e conta com a consultoria da jornalista Luana Assiz e da gestora cultural Beth Ponte.

O filme tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2022.

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