Em meios as polêmicas em torno da série documental “Rainhas Africanas: Cleópatra”, que deve estrear na Netflix em maio, o Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, Mustafa Waziri, afirmou que representar Cleópatra como uma mulher negra é “uma falsificação da história egípcia”. Ele afirma que a rainha tinha “a pele clara e traços helênicos”.
Após o anúncio da série, internautas fizeram uma petição online que pedia que a produção fosse cancelada. Antes de ser banida pela plataforma, a petição chegou a acumular cerca de 60 mil assinaturas de pessoas que não concordavam com o fato de uma atriz negra representar a rainha egípcia.
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Com produção executiva de Jada Pinkett Smith, a série documental da Netflix foi baseada em reconstituições e documentos históricos. Apesar da informação, o representante do governo egípcio ainda disse que “As obras e estátuas da Rainha Cleópatra são a melhor evidência das suas características verdadeiras e origens macedónias”, escreveu ele, em uma postagem no Instagram onde compartilhou fotos de estátuas que representam Cleópatra.
O representante cita um estudo do Dr. Nasser Mekkawy, chefe do Departamento de Arqueologia Egípcio da Universidade do Cairo e justifica que Mekkawy “apontou que a rainha Cleópatra VII descendia de uma antiga dinastia da Macedônia que governou o Egito por quase 300 anos, fundada pelo rei Batlemus I, um líder macedônio do exército de Alexandre, o Grande, para a qual o estado do Egito veio após a morte de Alexandre e fundou o Família Belémia”.
Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Arqueologia Austríaco e divulgado pela BBC afirma que Cleópatra descendia de africanos. “Cleópatra provavelmente era de origem étnica mista, já que sua irmã, a princesa Arsinoe, que foi encontrada em uma tumba de mais de 2 mil anos em Éfeso, na Turquia, tem características de brancos europeus, antigos egípcios e africanos negros. A mãe de Arsinoe seria de origem africana”.
Segundo a antropóloga Caroline Wilkinson, que trabalhou na reconstrução da face da irmã mais nova da rainha egípcia, Arsinoe, “Ela tem este formato alongado”, disse a especialista ao jornal The Sunday Times. “Isto é uma coisa que se vê frequentemente em egípcios da Antiguidade e africanos negros. Pode sugerir uma herança ancestral mista.”