Dia da Micro, Pequena e Média Empresa: onde nós estamos nesta história?

Texto: Kelly Baptista

Nesta terça-feira, 27 de junho, é comemorado o Dia Internacional das Micro, Pequenas e Médias Empresas. A data celebra os pequenos negócios e a importância das empresas de pequeno porte para a economia global. No Brasil, por exemplo, segundo o Ministério da Economia, juntas, as micro e pequenas empresas no país representam 99% dos negócios brasileiros, além de deter 30% do PIB.

Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017, a data se une a outras comemorações no calendário com o intuito de lembrar a relevância das MPMEs no Brasil, como o Dia Nacional das Micro e Pequenas Empresas, celebrado em 5 de outubro. Para celebrar a data dedicada às companhias que movimentam a economia do país.

As Micro, Pequenas e Médias Empresas são responsáveis por grande parte dos empregos formais gerados no Brasil. Nos primeiros quatro meses do ano, sete em cada dez vagas foram criadas por elas, algo como 76% do total, de acordo com um levantamento do Sebrae, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. Apenas em abril, os negócios de menor porte foram responsáveis pela abertura de 84% das vagas formais, num total de 166.800 vagas.

Atualmente, quem comanda as micro e pequenas empresas no Brasil são 43 milhões de empreendedores e, segundo o Sebrae, o perfil desses pequenos executivos é, em sua maioria, de líderes de empresas estabelecidas com mais de 3,5 anos de existência. Esses empreendedores experientes são 9,9% de toda a população brasileira, num total de 14 milhões de pessoas.

Mas onde estão as mulheres negras neste cenário?

Vale ressaltar que, em diversos cenários, percebemos que as mulheres negras estavam na rua neste período de isolamento, porque a maioria não tinha reserva de emergência para manter a casa ou os negócios. Quem tinha um planejamento, quem poderia prever uma crise desta dimensão? Com este cenário, muitas mulheres – principalmente as negras, se arriscam no empreendedorismo por necessidade de sobrevivência.

Segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) realizada no ano de 2021 o, as mulheres lideram 10,1 milhões de empreendimentos no Brasil, sendo que a participação feminina no mundo dos negócios chega a 34%. Os dados mostram, ainda, que 50% das proprietárias de negócios atuam no setor de serviços.
O empreendedorismo é romantizado, colocam a falsa ilusão de que empreender é libertador, mas a realidade é bem menos romântica. A maioria que empreende é mulher, à frente de negócios precários ainda não formalizados e o faz por necessidade, sendo justamente a mais atingida neste momento de crise sanitária.

Diante desse entendimento, cabe às políticas públicas e às organizações que buscam minimizar e eliminar essas situações de pobreza e de vulnerabilidade social, atuarem de forma a ampliar as oportunidades em termos de recursos e aprendizados que potencializem o universo dessas mulheres, ou seja, que favoreçam o protagonismo desse público no sentido da promoção da transformação social desejada e necessária.

*Kelly Baptista Gestora Pública, diretora executiva da Fundação 1Bi, mentora, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e Conselheira do Instituto Djeanne Firmino, Cruzando Histórias, Despertar e CMOV.

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