As estatísticas evidenciam um cenário nada favorável para pessoas negras. As de pele retinta, então, são as mais afetadas quando tratamos de oportunidades e acesso ao mercado de trabalho e bens de consumo.
Entender como a máquina gira é algo que não nos é ensinado a priori, mas, hoje, podemos contar com ferramentas para equilibrar e desconstruir o imaginário social que ainda é excludente e afeta a todos.
Um estudo realizado em 2021 por Carlos Portugal Gouvêa, professor de direito comercial, intitulado Governança corporativa e diversidade racial no Brasil: um retrato das companhias abertas, ressalta que o cenário é desfavorável para profissionais pretos e pardos, pois, diante dos dados obtidos, identificou-se que pessoas pretas representavam 0,00% dos cargos dos conselhos de administração, enquanto pessoas pardas apenas 1,05%. Sendo assim, o percentual para pessoas brancas em comparação às negras era 58% maior.
A pesquisa desenvolvida na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) destaca a discrepância que existe no meio corporativo quando se trata de raça. O que mais quero, porém, dividir aqui com vocês é a importância de olharmos para esse cenário e avançar rumo a contextos em que a cor da nossa pele não seja um fator relevante nos processos de ascensão.
Quem somos?
Quando validamos nossa existência e conseguimos nos mostrar para o mundo, nada mais deveria importar, no entanto a realidade é outra. Por isso, ter segurança e perpetuar a força dos nossos ancestrais nos torna ainda mais potentes e únicos. Podemos pensar que, para vencermos as barreiras do preconceito, é necessário fazer uso das ferramentas corretas para seguirmos sem sermos interrompidos.
Entender quem somos e o que queremos torna tudo mais fluido. Com isso, os entraves do dia a dia serão apenas mais um obstáculo a ser vencido. Percebam: o lugar que ocupamos hoje é resultado de muita luta. Cada conquista remete a um período da nossa história e do nosso povo, gerações que galgaram um espaço que é nosso direito.
Não se distraia
Estamos diante de uma mudança significativa na maneira como enxergamos uns aos outros e também as oportunidades. Por isso, a importância de estabelecermos parcerias para a construção de novas maneiras de existir e gerar oportunidades.
Retomando a pesquisa realizada por Gouvêa, que traz empresas como a Nike, marca estadunidense que, após implementar a diversidade étnico-racial no seu quadro de funcionários, investir em produtos voltados para pessoas negras e ter como referência comercial ídolos negros (como o jogador de basquete Michael Jordan), cresceu exponencialmente, gerando mais lucro.
Nossas referências são muitas. A exemplo de Luiz Gama (1830–1882), advogado brasileiro, que também foi jornalista, escritor e orador, conhecido como patrono da Abolição da Escravatura do Brasil. Ele é, sem dúvidas, alguém para nos espelharmos, homem que, até os 17 anos, era analfabeto e, aos 29, já era consagrado como o maior abolicionista.
Estar preparado para atuar ativamente e, desse modo, conquistar um lugar de pertencimento é algo possível para todos nós. “Crie a melhor e a mais grandiosa visão possível para a sua vida, porque você se torna aquilo que você acredita”. Oprah Winfrey