Mundo Negro

Campeão do atletismo, Moh Farah revela que foi traficado e escravizado na infância

Foto: Getty Images.

Aos 39 anos, Moh Farah, campeão olímpico do atletismo, revelou em entrevista à BBC que foi traficado e viveu em condições análogas à escravidão durante a infância. O astro contou que foi levado à força para o Reino Unido e forçado a sair da Somalilândia, Estado localizado na região pertencente à Somália. Ele declarou ainda que seu nome original era Hussein Abdi Kahin, mas quando chegou no país europeu ganhou o nome de Mohamed Farah, que estava inscrito em seu passaporte falso.

Mo Farah em documentário para a BBC. Foto: Reprodução / BBC.

“Fui separado da minha mãe e trazido ilegalmente para o Reino Unido sob o nome de outra criança chamada Mohamed Farah”, disse ele em vídeo divulgado pela emissora britânica. O astro destacou ainda que teve que fazer tarefas domésticas além de trabalhar com outras pessoas, mesmo tendo apenas nove anos. “Eu precisava cumprir aquelas obrigações se quisesse comida na boca”, disse Farah. “Muitas vezes eu me trancava no banheiro e chorava”.

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Documento falso, mostrando foto de Mo ao lado do nome “Mohamed Farah”. Foto: Reprodução / BBC.

Ainda na Somalilândia, que vivia um período de guerra no início dos anos 90, Fara revela que uma mulher o forçou a ir para a Europa sob o pretexto de que ele iria morar com parentes. Contudo, ao chegar em Londres, a mulher que o levava pegou um pedaço de papel com os contatos dos parentes do menino, rasgou e jogou no lixo. Assim, o atleta, enquanto criança, foi obrigado a trabalhar por comida. “Meu trabalho era cuidar daquelas crianças, dar banho nelas, cozinhar para elas, limpar para elas, e ela disse: ‘Se você quiser ver sua família novamente, não diga nada ou eles vão levá-lo embora’”, contou Mo Farah à BBC.

“Eu não tinha ideia de que havia tantas pessoas que estão passando exatamente pela mesma coisa que eu. Isso só mostra o quão sortudo eu fui”, destacou ele em outro trecho da entrevista, que ainda não foi ao ar. Nos primeiros anos, a família não permitiu que ele fosse à escola, mas quando tinha cerca de 12 anos, se matriculou em uma instituição de ensino. A partir deste momento, os funcionários foram informados de que Mo era um refugiado da Somália, mas a informação foi mantida em sigilo. “Correr salvou minha vida da servidão”, disse ele.

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