A potência da arte feminina estará no centro da 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, em 2026. A curadora Diane Lima foi anunciada pela Fundação Bienal de São Paulo como responsável pelo Pavilhão do Brasil, que trará um diálogo inédito entre Rosana Paulino e Adriana Varejão no projeto ‘Comigo ninguém pode’. Inspirado na planta homônima, símbolo de proteção, toxicidade e resiliência, o projeto propõe uma reflexão sobre as feridas coloniais, a reinscrição da história e os caminhos de libertação poética e coletiva.
“Ser escolhida para conceber o Pavilhão do Brasil em Veneza é uma honra e uma grande responsabilidade”, afirma Diane Lima. “Juntas, Paulino e Varejão representam historicamente o que há de mais revolucionário quando se fala da presença das mulheres no campo da arte nacional. Suas poéticas em consonância e fricção fazem coro com as lutas dos movimentos sociais e da democracia, sem nunca perder a capacidade sensível de nos arrebatar e surpreender com alta qualidade técnica. Junto às ideias de proteção e toxicidade, ‘Comigo ninguém pode’, como um ditado popular, também refere-se ao processo de transferência do conhecimento sobre a natureza para o âmbito da vida, refletindo portanto um processo de manifestação coletiva que acontece naturalmente quando ‘comigo’ se torna um ‘nós’, se torna muitos e uma nação inteira, que usa a sua sabedoria como forma de defesa e soberania.”
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Para Rosana Paulino, a presença no Pavilhão, ao lado da Adriana Varejão, é uma oportunidade de aprofundar o diálogo sobre colonialidade. “É a oportunidade de investigar feridas coloniais a partir de perspectivas femininas distintas que se encontram num diálogo inédito. Esse encontro propõe uma revisão da história da arte ao questionar o cânone e recuperar memórias silenciadas, abrindo caminho para novas possibilidades de futuro.”
Adriana Varejão complementa: “Meu trabalho e o de Rosana Paulino se cruzam na potência das feridas coloniais, matéria que estrutura o DNA de nossas obras e atravessa nossas pesquisas de modo visceral. Espero desenvolver com Rosana um diálogo inédito que também se conecte à arquitetura do pavilhão, ampliando as possibilidades de nossas trajetórias artísticas.”
Segundo Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, a escolha reafirma a força da produção artística brasileira no cenário internacional. “A curadoria de Diane Lima, com a presença de Rosana Paulino e Adriana Varejão, reafirma a potência e a complexidade da produção brasileira no cenário internacional. Este anúncio coincide com o investimento na recuperação do nosso pavilhão e renova o compromisso institucional de apresentar em Veneza um projeto à altura do debate global que o Brasil tem a contribuir.”
O anúncio do projeto encabeçado por Diane Lima, acompanha ainda uma nova fase do Pavilhão do Brasil em Veneza, que passa por um amplo processo de restauro e modernização liderado pela Fundação Bienal de São Paulo, em parceria com os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores. A reabertura em 2026 garantirá infraestrutura renovada, acessibilidade e condições aprimoradas para abrigar exposições de grande porte.
O projeto ‘Comigo ninguém pode’ dialoga ainda com o tema oficial da Bienal de Veneza de 2026, “In Minor Keys”, conduzida pelo coletivo formado por Gabe Beckhurst Feijoo, Marie Helene Pereira, Rasha Salti, Siddhartha Mitter e Rory Tsapayi, em continuidade ao legado da curadora Koyo Kouoh.
Pavilhão do Brasil na 61ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia
Comissária: Andrea Pinheiro, Presidente da Fundação Bienal de São Paulo
Curadoria: Diane Lima
Participantes: Adriana Varejão e Rosana Paulino
Local: Pavilhão do Brasil
Endereço: Giardini Napoleonici di Castello, Padiglione Brasile, 30122, Veneza, Itália Data: 9 de maio a 22 de novembro de 2026
Pré-abertura: 6 a 8 de maio de 2026