Uma autópsia divulgada na última terça-feira (09) pela AFP, revela que os mais de 100 corpos encontrados em floresta, no Quênia, onde acontecia uma seita evangélica, tinham órgãos faltando e indícios de tráfico.
O documento judicial, realizado na última segunda-feira, confirma a ausência dos órgãos na maioria dos corpos encontrados até o momento. “Laudos de autópsia revelaram que faltavam órgãos em alguns corpos das vítimas exumadas até agora”. Ainda segundo o documento, há um “tráfico de órgãos humanos bem coordenado que envolve vários atores”.
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Em abril, mais de cem corpos foram encontrados na floresta Shakahola, ao leste do Quênia, a maioria sendo de crianças. Segundo denúncias, acontecia na floresta uma seita comandada por Paul Nthenge Mackenzie, um autoproclamado pastor da Igreja Internacional das Boas Novas, que recomendava jejum extremo para “conhecer Jesus”.
A polícia queniana continua as buscas na floresta de 325 hectares e procurando mais valas comuns. A Cruz Vermelha registrou 212 desaparecidos.
A autópsia feita em 112 corpos mostra que a maioria das vítimas morreram de fome após seguir os conselhos do pastor. Mas, semana passada, o responsável pelas autópsias, o médico Johansen Oduor, disse que algumas pessoas foram estranguladas, golpeadas e afogadas.
O pastor se encontra detido e será processado por ‘terrorismo”. Em 2017, ele tinha um canal no Youtube onde alertava os seus seguidores sobre práticas consideradas por ele “demoníacas”, como usar perucas e fazer transações sem ser em dinheiro vivo.
As contas bancárias do pastor Ezekiel Odero, detido no final de abril e solto sob fiança na quinta-feira (04), serão bloqueadas a pedido da Direção de Investigações Criminais (DCI). Segundo a DCI, ele recebeu “enormes transações em espécie”, vinda do dinheiro dos fiéis por meio de Mackenzie, que pediu que eles vendessem suas propriedades.
Odero é acusado de homicídio, sequestro, radicalização, genocídio, crimes contra a Humanidade, crueldade infantil, fraude e lavagem de dinheiro. Ele admitiu a morte de 15 pessoas durante as “intervenções espirituais”, mas seus advogados disseram que as pessoas já estavam em “estado crítico”.
A descoberta da seita foi um choque em todo país. O presidente do Quênia, William Ruto, prometeu que vai agir contra aqueles que “usam a religião para promover uma ideologia obscura e inaceitável” e os comparou a “terroristas”.