Mais de 3 mil quilombolas se reuniram em Brasília (DF) nesta quarta-feira (10), no ato Aquilombar 2022, evento organizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), em defesa do direito aos territórios tradicionais e contra os desmontes da políticas públicas dirigidas às comunidades.
Quilombolas de todo o país estiveram presentes e participaram de apresentações culturais, uma plenária geral e painéis temáticos. Também houve uma marcha da Funarte (Fundação Nacional de Artes) até o Congresso Nacional para reivindicar acesso a políticas públicas. O encontro se encerra nesta noite com a exibição do filme “Do Quilombo para a Favela – Alimento para Resistência Negra“.
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Integrantes de comunidades quilombolas, especialmente do Pará, Paraná e Minas Gerais, compartilham trajetórias de lutas, dificuldades e reivindicações para efetivação dos direitos da população quilombola. Questões como obstáculos à titulação dos territórios, violação ao direito de consulta prévia, impactos de empreendimentos são algumas das realidades comuns vivenciadas pela população tradicional.
“A partir do momento que se tem o território assegurado, se tem liberdade, educação, direito de ir e vir, de sustentabilidade, de manter nosso modo de vida”, disse Andreia Ferreira, da comunidade Raiz, Minas Gerais, presente no ato de hoje.
“Seguimos na luta para a retomada do território pela comunidade. O Decreto presidencial não assegurou toda a área de direito da comunidade já reconhecida pelo Incra”, relata Divonzir Manual dos Santos, da comunidade Invernada Paiol de Telha, no Paraná.
No Instagram, a CONAQ relata a vivência dos quilombolas no país. “Vivemos sob constantes ameaças, nunca fomos respeitados, somos sempre tratados como intrusos ou escórias humanas, indignos de ter uma vida digna. Nossos territórios estão sempre sob tensão, a ganância das especulações imobiliárias, latifundiários, mineradoras, e os grandes empreendimentos avançam a cada dia sobre as terras que a gerações estamos cuidando”. E completa: “Compreendemos que, Aquilombar sempre foi e será, espaço e momento de vivências, resistência, autocuidado”.
O primeiro ato Aquilombar foi realizado em 1995, pelo centenário da morte de Zumbi dos Palmares. O encontro resultou na fundação da CONAQ, seis meses depois.