Na última terça-feira (16), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, se reuniram com o comandante da Polícia Federal, Andrei Passos, e representantes da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para discutir as recentes denúncias de racismo em aeroportos.
No dia 28 de maio, um comandante da Companhia Gol chamou a polícia federal para retirar a professora Samantha de um vôo de Salvador para São Paulo. Ela havia reclamado que não achava lugar para guardar seu notebook. No dia seguinte, em um aeroporto de Rondônia, a dançarina Marcelly Batista foi parada também pela polícia federal enquanto esperava seu vôo para São Paulo. Ela teve suas tranças revistadas e desbloquearam seu celular para procurar “mensagens suspeitas”.
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A ministra Anielle Franco enfatizou o compromisso do Ministério da Igualdade Racial em buscar soluções conjuntas, colocando-o à disposição nesse sentido. “São casos que vêm sendo recorrentes, então queremos construir uma solução coletivamente. Nós entendemos o papel da Polícia Federal e estamos à disposição para contribuir com o letramento racial“, disse a Miinistra. Anielle ainda ressaltou o repúdio ao caso da professora Samantha Vitena, que denunciou a conduta racista da tripulação ao ser expulsa de um voo na Bahia. Ela afirmou que o episódio foi “inadmissível” e reforçou a responsabilidade das instituições “para que haja um movimento de mudança”.
A Corregedora Geral da Polícia Federal, Helena de Rezende, se comprometeu com formação continuada sobre racismo no órgão. Ela afirmou que as instituições precisam estar preparadas para reconhecer o racismo estrutural e sugeriu reforçar o letramento racial dos agentes por meio de seminários. “Essa pauta, como sabemos, não é regular da segurança pública, é uma busca permanentemente corrigir isso”, afirmou.
Silvio Almeida, ministro dos direitos humanos e da cidadania, pontuou que as empresas precisam de ações mais duras, para além do letramento racial. “A formação é importante, mas é parte muito pequena de um processo, pois o racismo tem manifestações institucionais. Precisamos de um grande plano de combate ao racismo institucional que mude a maneira de lidar das instituições e não só dos indivíduos”, disse ele. “Tanto a ANAC quanto a PF têm uma influência grande de contribuir sobre outras instituições. Não adianta fazer um seminário e as empresas fazerem o que querem. Não basta dizer que não é racismo, tem que comunicar isso com clareza”, finalizou.