A estilista e diretora criativa Angela Brito irá apresentar a sua nova coleção Criola na 58ª edição da São Paulo Fashion Week, no próximo sábado (19), às 11h30, no Shopping Iguatemi. Inspirada nas misturas e transformações que formam novas identidades, a coleção da cabo-verdiana exalta a beleza dos encontros entre povos. As sociedades criolas refletem as complexas relações e adaptações culturais em resposta à colonização, dando origem a uma identidade rica e plural, como é no Brasil e em Cabo Verde. Criola representa a vanguarda.
Em sua estreia no São Paulo Fashion Week, em 2019, ela foi a única mulher negra no line-up. Este ano, Angela leva a inovação para as suas peças por meio dos volumes, com a fusão dos acessórios ao vestuário. São 30 looks que homenageiam as mulheres crioulas e celebram as transformações das realidades culturais. É um convite a entender que as identidades não são fixas nem totalmente compreensíveis.
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“Como sempre, estou falando de uma identidade da qual eu faço parte. Em sociedades crioulas, como Cabo Verde e o Brasil, ela é colocada em xeque, ao se questionar as novas individualidades, por serem originadas da mistura de diferentes povos. Mas, no meio de toda essa miscelânea, nasceu algo completamente novo, criando expressões culturais muito únicas e fortes. E foi exatamente esse o grande desafio desta coleção: trazer para a roupa o nascimento de uma nova perspectiva sobre a identidade, essa mistura cultural que leva a criação de algo inovador, algo crioulo”, destaca a estilista.
O design das peças levam dispositivos de carregamentos, enchimentos e formas inusitadas, inspirados no bombu mininu — uma amarração tradicional de Cabo Verde usada para carregar crianças. A fusão dos acessórios ao vestuário evocam a capacidade de transportar no próprio corpo afetivo as bagagens da história e da cultura, manifestando essa herança africana de maneiras inesperadas e criativas.
Cada peça foi criada a partir da mescla da história com o futuro. Com redendê, tradicional técnica de bordado do Nordeste do Brasil, pánu di terá, que é o pano de tear caboverdiano, e com novas texturas criadas a partir do trabalho manual do capitonê, a coleção reúne 30 looks que expressam novas essências com marcas de um passado vivo, mas aberta ao novo.
Os tons terrosos nos tecidos de algodão, cânhamo, seda e viscose e couro expressam os diversos lugares que carregam a memória crioula: a natureza seca refletida no bege, verde e marrom. As peças também levam nuances de azul, em referência aos mares que compõem a natureza dessas comunidades e o amarelo da luz solar que faz parte da essência criola.
Em homenagem à mulher crioula, o desfile será formado apenas por modelos femininas. E cumprindo mais um desafio nesta coleção, Angela Brito também será a responsável pelo styling da apresentação, com colaboração do Guilherme Alef.