A tecnologia 3D foi transformadora para o mundo dos cinemas e a responsável por iniciar os primeiros passos no desenvolvimento de um dispositivo capaz de produzir imagens em três dimensões foi uma mulher negra: Valerie Thomas.
Nascida em 8 de fevereiro de 1943, Valerie Thomas cresceu em Maryland, nos Estados Unidos, e desde cedo mostrou um interesse pelo mundo da ciência e da tecnologia. Ela estudou física na Universidade de Morgan State e começou sua carreira na NASA em 1964, onde trabalhou como matemática e engenheira de dados.
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Foi durante seu tempo na NASA que Valerie Thomas começou a explorar os princípios da óptica e a desenvolver dispositivos que usavam ilusões visuais para criar a sensação de profundidade em imagens. Seu trabalho mais notável foi o desenvolvimento do Illusion Transmitter, um dispositivo que usava a propagação de luz para criar imagens tridimensionais.
Hoje, aos 80 anos, a cientista diz que se orgulha da carreira que construiu. “Quando comecei, tive que escrever programas para computadores – nunca tinha visto um computador antes na minha vida, exceto em filmes de ficção científica. Tomei a decisão de aprender tudo o que pudesse sobre computadores, por dentro e por fora. Sempre quis aprender e descobrir as coisas sozinha”, contou Valerie em entrevista para o Oprah Daily. “Na NASA, tive muitas oportunidades. Estar em um ambiente onde todos são inteligentes foi muito gratificante. Eu gostava de trabalhar em coisas que não tinham sido feitas antes e de ficar responsável por algumas dessas coisas“.
Em 1976, Thomas participou de um seminário científico onde se deparou com uma exposição que demonstrava uma ilusão usando uma lâmpada. Usando espelhos côncavos, a exposição enganava o espectador fazendo-o acreditar que uma lâmpada estava brilhando mesmo depois de ter sido desenroscada do soquete. Isso inspirou a cientista, que começou a fazer experiências com espelhos planos e côncavos. Enquanto o primeiro teria um reflexo sobre um determinado objeto que pareceria estar atrás do vidro, o segundo teria um reflexo que na verdade estaria na frente do vidro, produzindo uma ilusão tridimensional. Foi isso que formou a base da tecnologia 3D. Quatro anos depois, em 21 de outubro de 1980, Thomas obteve a patente do Illusion Transmitter, dispositivo que a NASA usa até hoje.
Embora o Illusion Transmitter não tenha sido diretamente usado em filmes 3D, ele foi um precursor importante para muitas das tecnologias que tornaram o cinema 3D possível. O dispositivo de Thomas demonstrou como a luz poderia ser manipulada para criar a ilusão de profundidade, um conceito fundamental por trás da tecnologia 3D.
A verdadeira revolução na indústria de filmes 3D ocorreu décadas depois, com o desenvolvimento de câmeras 3D estereoscópicas e tecnologia de projeção. No entanto, Valerie Thomas desempenhou um papel essencial ao explorar as possibilidades da óptica e abrir caminho para inovações futuras.
Além de suas realizações na NASA, Thomas também é uma defensora da educação e incentiva as jovens a seguirem carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Ela se aposentou da NASA em 1995, mas seu legado como pioneira na exploração da óptica e suas contribuições para o campo da tecnologia 3D se tornaram referência no mundo todo.