Mundo Negro

A possível reforma ministerial e a ausência de ministros negros 

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Texto: Luciano Ramos

Todo cenário de crise do governo Lula intensifica a pressão por uma reforma ministerial. É praxe que de tempos em tempos os governos apresentem reformas de seus auxiliares diretos. Dois anos depois da posse, é comum esperar uma mudança de gestores de algumas pastas do governo federal, principalmente num cenário de crise de popularidade. A insatisfação do Palácio do Planalto com alguns de seus quadros tem se mostrado constante. 

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Os aliados do governo aproveitam esse momento para criticar a quantidade de ministros petistas que ocupam as pastas. Eles acham que 11 ministros é demais. Lula preside um governo com 37 ministérios. Sendo assim, o PT tem um pouco menos de um terço. 

Dos 37 ministros de Lula, segundo a autodeclaração feita por eles ao TSE, 10 se autodeclaram negros (quase 30% do governo). Historicamente, esse é o maior número de ministros negros autodeclarados de um governo federal brasileiro. Uma pergunta insiste em se fazer presente frente a esse dado: Como um governo que apresenta um número tão considerável de ministros autodeclarados negros não conseguiu, ainda, apresentar uma política interministerial que contemple essa população, de forma efetiva? 

Olhando os dados da pesquisa do Datafolha do último dia 14/02, a população negra, historicamente, a população mais vulnerabilizada e empobrecida no Brasil, reprova o governo Lula. Esse dado precisa chamar a atenção do Planalto. Estranhamente, com todas as articulações que o governo começa a fazer frente a isso, a pauta sobre equidade racial não se aproxima da mesa, segundo as notícias. 

E sobre as mudanças ministeriais

Com todas as mudanças vindouras do governo, não se especula nomes de ministros negros. Até que ponto a branquitude que permeia os ministérios de Lula consegue se relacionar com as dificuldades da maioria da população brasileira: a população negra. Ainda é um desafio o Brasil entender o Brasil real. 

É cruel colocar toda a responsabilidade sobre o Ministério da Igualdade Racial (MIR) e eu não vou fazer isso aqui. É injusto colocarmos as expectativas que um ministério com um orçamento que não dá conta dos seus desafios.

Não acredito que esse texto chegará as mãos de Lula ou dos integrantes do Planalto, mas desejo que reflexões parecidas permeiem a cabeça dos que lideram o executivo brasileiro. A reforma ministerial precisa corresponder aos anseios populares e ao jogo político. Ainda que isso pareça impossível. E falo do jogo político, pois nós não somos ingênuos e, sabemos que no final do dia, isso precisa acontecer. 

Aos ministros que se autodeclaram negros, que bom! Mas que ajam olhando para os seus irmãos de raça. E aos que chegarão, desejamos serem homens e mulheres negros, também, que consigam dialogar mais com o Brasil negro. Fé no que virá!

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