Texto: Ivair Augusto Alves dos Santos
Quando vemos a democracia sofrendo ataques nos impressiona e olhamos para os países vizinhos da América Latina e Europa. Nós vivenciamos no dia 8 de janeiro uma tentativa de golpe. Nossa história é marcada pelo golpe militar. Vivemos períodos difíceis que não queremos ver repetir.
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Olhar para o continente africano é sempre muito romântico e recheado da memória de nossa ancestralidade. Agora quando recebemos notícias de África a mídia só registra tragédia, epidemias e violência. O único país africano que hoje está ocupando os nossos jornais e mídia eletrônica é o Sudão, e para não fugir da estratégia, ficamos sabendo de uma tentativa de um golpe militar.
A República do Sudão é um país africano localizado na região da África Oriental e banhado pelo Mar Vermelho. A capital sudanesa é a cidade de Cartum. Situado entre o deserto e a savana, com grande parte do território inserida no Sahel. (Sahel que é uma faixa de 500 a 700 km de largura em média, e 5.400 km de extensão entre o deserto de Saara ao norte e a Savana do Sudão ao sul, e entre o Oceano Atlântico a oeste e ao Mar vermelho a leste).
Nos assusta, entristece ver a disputa pelo poder entre dois militares no Sudão, um país com uma história tão rica. E que nós brasileiros todas as vezes que tomamos um refrigerante estamos bebendo um dos componentes essenciais, que só existe naquela parte do mundo: a goma arábica. A indústria farmacêutica também importa produtos essenciais para a fabricação de medicamentos. O Brasil exporta açúcares de cana, proteína animal (carnes de galos/galinhas, não cortadas, em pedaços, congeladas) e máquinas de colheita.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil informou neste sábado (15) que o governo brasileiro acompanha com preocupação a eclosão de episódios de violência no Sudão, que passa por uma tentativa de tomada de poder por grupo paramilitar.
A ofensiva partiu do grupo chamado Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) que afirma ter assumido o controle, neste sábado, do palácio presidencial, da residência do chefe do Exército, do aeroporto internacional de Cartum (capital do país), além de aeroportos nas cidades de Merowe e El Obeid.
Na nota, o governo brasileiro expressou que reitera seu apoio às negociações políticas entre as lideranças sudanesas, com o objetivo de restabelecer governo civil de transição. “O governo brasileiro exorta as partes à contenção e à cessação imediata dos combates. Reiteramos apoio aos esforços do Conselho de Segurança das Nações Unidas nesse sentido”, diz trecho do comunicado oficial.
A União Africana também fez apelos para o cessar fogo e para voltarem à mesa para negociações. Os Estados Unidos, a União Europeia e a ONU também fizeram apelos.
A agricultura representa 32% do PIB sudanês. A indústria agrega 25% e os serviços respondem por 43% da economia local. O desempenho do setor agrícola é de fundamental importância, uma vez que o setor recepciona mais de dois terços da população sudanesa economicamente ativa. O país depende economicamente da Arábia Saudita e do Emirados Árabes Unidos.
A democracia e a defesa dos direitos humanos precisam de muita luta e pressão internacional, o Brasil poderá ter um papel importante no Conselho de Segurança da ONU, ao defender que o Sudão volte às mesas de negociação por um governo civil.